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Investigador chefe da Polícia Civil faz balanço sobre ações contra o crime em 2018

HUGO ANTONELI JUNIOR

Da mesa de onde saíram algumas das decisões mais importantes sobre crimes em Indaiatuba neste ano, o chefe do Setor de Investigações Gerais (SIG), Marcus Morelli, da Polícia Civil, faz um balanço sobre as ações no ano de 2018. Ao Comando Notícia ele afirma que apesar do efetivo menor do que o ideal, a equipe que atua na cidade conseguiu resolver todos os casos no período.

“A nossa avaliação é a melhor possível dentro das limitações que a Polícia Civil nos oferece, como efeito muito pequeno”, diz. “Conseguimos neste ano realizar uma expressiva operação em abril, mas que começou em novembro com monitoramento nos bairros Jardim Morada do Sol e Tancredo Neves. Com isso, foram mais de 30 mandados, sendo que 13 pessoas foram presas e todas estão condenadas.”

Em relação aos homicídios, o balanço também é de eficiência. “É um tipo de crime que não tem como as forças policiais evitarem. A pessoa pode matar outra usando qualquer tipo de objeto como uma pedra, um pedaço de madeira ou até as mãos. Não há como prevenir. Cerca de 85% dos casos são pontuais de desinteligências [brigas]. Não tem, por exemplo, um esquadrão da morte na cidade, ou mesmo um serial killer [matador]”, diz. “O que pode ser feito é uma prevenção com relação aos locais onde as pessoas bebem muito. Porque o álcool é um combustível. Muitas pessoas acabam ficando fora do juízo quando alcoolizadas.”

O único crime que não houve a completa solução foi a do assassinato em que os pedaços de um corpo foram encontrados. “É uma situação que está por esclarecer. Foram encontradas as duas pernas e a cabeça e ele foi identificado, mas o autor ainda não foi identificado”, diz. “No caso de roubos à residência caiu bastante graças a Deus. De furtos a incidência é maior nos chamados “a transeuntes”, que são os de celular. Do restante é um balanço positivo.”

Atualmente a Polícia Civil em Indaiatuba conta com três delegados, um deles também responde pela Delegacia da Defesa da Mulher (DDM), além de escrivães e oito investigadores, incluindo Morelli. “Se você comparar o nosso efetivo para 240 mil habitantes da cidade, é menos do que uma Delegacia em Campinas, por exemplo, para um número menor de pessoas”, diz.

“Na DDM são duas escrivãs, estamos sem delegada, mas o delegado do município está respondendo por lá. São cerca de 400 inquéritos. O primeiro Distrito Policial (DP) tem um delegado e dois escrivães e perto de 600 inquéritos. A cidade teve uma diminuição sensível no número total de inquéritos”, avalia. 

Mudanças e rotina

Morelli espera continuar em Indaiatuba em 2019. “A não ser que haja uma mudança drástica, continuarei por aqui”, diz, mesmo perto da aposentadoria. “Está quase encerrado o meu tempo, mas ainda tenho lena para queimar”, brinca. “Costumo dizer que a Polícia Civil ela não precisa ser vista, ela precisa ser sentida. É diferente de forças policiais que atuam de uniforme, casos da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal. Estas fazem o policiamento ostensivo nas ruas. A gente trabalha nos bastidores. Temos as viaturas caracterizadas e também as descaracterizadas” afirma.

“Porque quando a gente pega, pegou, não tem mais como fugir. E a integração com as outras forças policiais aqui é muito bem feita. Também temos uma harmonização com o poder Judiciário e com o Ministério Público. Todos os Boletins de Ocorrência registrados, desde os furtos de celular até um latrocínio – o que não tivemos na cidade este ano -, são vistos diariamente e é feita uma triagem. Há também um telefone celular que disponibilizamos para a população fazer denúncias e isso tem tido um bom resultado. O melhor é que damos o retorno para o denunciante. Porque às vezes naquele momento não acontece nada. Aí a gente envia uma mensagem para a pessoa e dá um parecer sobre o caso.”

“Aquilo de o investigador de polícia se infiltrar no meio do crime para realizar as diligências acabou. Estamos na era da tecnologia e vamos usá-la a nosso favor. O estilo do marginal está mudando. Os meios de informática e a internet são um caminho que eles estão usando. Tanto que vem aumentando as denúncias de estelionato em sites de venda, por exemplo. É necessário ter todo o cuidado possível com isso.”

O único quesito em que não há como haver nada positivo é o tráfico de drogas. Apesar do combate, ele se prolifera e aumenta a violência. “Tem um delegado que atuou em Indaiatuba e hoje já está aposentado que dizia que as drogas alimentam o crime. A maioria deles é cometido ou porque o autor está sob efeito de entorpecentes ou porque precisa do dinheiro para comprar. E você vai em cada bairro e vê que tem uma biqueira. Isso dificulta o nosso trabalho, mas estamos trabalhando na medida do possível. O que é necessário é que haja um apoio ao viciado. Porque nós combatemos o traficante, mas o viciado continua atrás das drogas. É preciso que haja um trabalho ainda maior através de clínicas e de assistência, porque aí se combate o vício”, encerra.

foto: Ricardo Miranda/Reginaldo Rodrigues/Comando Notícia