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Mãe denuncia bullying contra filha de 14 anos em escola particular de Indaiatuba

A mãe da vítima contou que a menina sofre de Porencefalia, uma doença  rara que acomete o sistema nervoso central.

A mãe de uma adolescente de 14 anos – portadora de porencefalia – de Indaiatuba (SP), procurou o Comando Notícia  para denunciar a escola particular em que a filha estudava; o colégio Objetivo. Segundo ela, a estudante do 1° ano do ensino médio sofreu bullying por pelo menos um mês, sem que a escola tomasse as providências devidas. Depois de várias situações ocorridas, a mãe precisou transferir Laís para outra escola. Além do Comando Notícia, a denúncia também foi registrada no Conselho Tutelar, e um advogado agora cuida do caso. A pedido da mãe, não citaremos nomes na matéria. 

O bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas repetidamente por uma ou duas pessoas contra um ou mais colegas. O nome tem origem na língua inglesa da palavra bully, e seu significado é: valentão, brigão. Em português é entendida como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato. Além de ser uma das formas de violência que mais cresce no mundo.

Elaine – a mãe da adolescente – relatou à nossa equipe que a filha possui uma deficiência de nascimento, que se chama porencefalia, e que se enquadra no grupo das paralisias cerebrais, mas que a adolescente faz parte de uma minoria, que possui – por enquanto – deficiências motoras, mas que não precisa ficar presa a uma cadeira de rodas. Ainda segundo a mãe, a menina sempre foi quieta e teve poucos amigos. Segundo ela, a exclusão sempre fez parte da vida de sua filha.

 

O que disse a mãe

... há aproximadas 4 semanas ela ficou reclamando que estava sendo importunada por um grupo de crianças: aviãozinhos de papel em seu cabelo, grupinhos fofocando e olhando para ela, dedos apontados, e até mesmo uma agressão física em que um menino jogou uma caneta marca texto no peito dela, sem motivo, pelos relatos dela.
Ela ficava deitada com o rosto na carteira e uma das crianças batia na carteira e dizia para ela acordar. 

Fui falar com a coordenação da escola e falei com o sr. Eduardo pessoalmente, depois de ter feito várias ligações anteriores. Uma única providência foi feita que foi rearranjar os alunos na classe através de um mapa de sala. Mas isso não foi cumprido pelos alunos, causando muito mais agitação entre eles, na tentativa de quererem achar o delator para tal medida da escola. Um deles, desobedeceu o mapa de sala, sentou-se ao lado da minha filha e para chamar atenção dela, cometia atitudes racistas contando em japonês e imitando alguma língua oriental. Depois disso, os incômodos direcionados a ela foram mais incisivos”.

A mãe da adolescente também contou à nossa equipe que a menina tentou conversar com um professor, mas que o mesmo não deu atenção ao caso e ainda questionou a menina sobre o motivo pelo qual isso vinha acontecendo. ” Acredito que este professor não soube conduzir uma conversa social com os alunos, expondo minha filha pois ela já havia feito reclamação a ele, e sem nenhuma medida tomada. Várias vezes, durante este período, ela me ligava chorando dizendo que não queria mais ir para escola, e pediu para mudarmos de colégio. A mãe ainda acrescentou dizendo que diante dos fatos os pais da menina acabaram achando melhor mudar ela para outra escola. 

Elaine contou ainda que fez uma reclamação  para a direção do colégio Objetivo, e que pediu apenas que as crianças parassem de incomodar sua filha, e que pedissem desculpas publicamente; o que não aconteceu. “Nada foi feito. Então, agora, eu quero que a justiça se cumpra através dos meios legais e também que eles paguem uma indenização moral à minha filha e minha família”, concluiu Elaine. 

A denúncia foi registrada no Conselho Tutelar, e um advogado agora cuida do caso. 

 

O que disse o colégio Objetivo
Nossa equipe entrou em contato com o colégio para saber sobre o caso. Em nota, o Objetivo falou sobre o trabalho que desenvolve referente ao bullying, e que sobre este caso, quando souberam, já havia sido pedida a transferência da menina, sem dar ao colégio o tempo necessário para averiguar os fatos. Segue abaixo a nota na íntegra.

Temos em nosso Colégio um trabalho preventivo quanto ao bullying, que se dá de maneira muito efetiva,  na matriz curricular a partir do 1° ano do Ensino Fundamental, semanalmente, em espaços especialmente projetados para este fim, com professores psicólogos. Além deste trabalho, o Colégio tem um Departamento Multidisciplinar de Saúde, que conta com psicólogo e o Núcleo de Apoio ao Vestibulando, também com psicólogo, e toda a assessoria das Coordenações.

Mesmo diante do trabalho preventivo, podem acontecer casos de bullying, por diversas razões (o difícil momento atual pós pandemia que privou jovens da convivência ou diferenças na educação familiar) e a escola tem a oportunidade de agir, efetivamente, a partir da confirmação da situação. Nesse caso a ação é imediata, com a conscientização dos envolvidos, tanto quem recebe quanto quem assiste, e além disso a aplicação de sanções disciplinares àqueles que fizeram o bullying.

Estamos retornando de um período de pandemia, no qual os alunos ficaram, praticamente, quase dois anos afastados; esse retorno foi difícil; a escola tem trabalhado muito para atender todos, em suas particularidades, mas é importante que entendamos que, neste caso específico, essas crianças não estiveram próximas em anos anteriores, sequer estudaram na mesma sala. Portanto, estamos falando em dois meses de convivência entre os envolvidos e de uma queixa que somente chegou à escola em março, quando quase que imediatamente posterior veio a informação da família sobre a opção pela transferência, sem nos dar tempo para averiguarmos os fatos e fazermos nosso trabalho.

Em todo o período em que a citada aluna esteve conosco, sempre apresentou um bom desempenho escolar e social, nunca necessitando de qualquer atenção especial. Importante frisar que não se trata de aluno com necessidade especial. Ademais, informamos que não nos é permitida a divulgação de dados envolvendo menores.”

 

 

 

Foto: ilustrativa – arquivo/Comando Notícia.