Felipe Oliveira foi um dos quatro candidatos escolhidos para reger a única orquestra brasileira indicada ao Grammy Latino
O maestro da Orquestra Jovem de Indaiatuba, Felipe Oliveira, 33 anos, acaba de conquistar uma vaga na 14ª edição do Laboratório de Regência da Filarmônica de Minas Gerais. Ele, que foi selecionado em sua primeira inscrição, participará de ensaios e aulas técnicas teóricas e práticas ministradas pelo diretor artístico e regente titular da orquestra, maestro Fabio Mechetti. A Filarmônica de Minas Gerais é a única orquestra brasileira a ser indicada ao Grammy Latino.
HISTÓRIA Nascido em Indaiatuba, Felipe Gustavo de Oliveira, soma duas décadas de dedicação à música. O amor à primeira vista aconteceu aos 10 anos, quando conheceu o violino através do Projeto Guri, um programa de iniciação musical do Governo do Estado de São Paulo, em conjunto com a Santa Marcelina Cultura. “O meu irmão mais velho começou a estudar trompete no Projeto Guri e eu quis também, fui aprender violão. Só que não deu certo, eu não conseguia me concentrar por ter déficit de atenção. Depois de um tempo, um amigo apareceu tocando violino e eu me apaixonei pelo instrumento, fui estudar. Hoje em dia estudo e respiro música o tempo todo”, conta o maestro.
Nessa época, começou a frequentar uma igreja local e se encantou com a banda do louvor. “É como se eu já tivesse conexão com a música mesmo antes de tocar. Ela me atraía. A mesma paixão pela música que eu tive naquele dia os vendo tocar, eu tenho até hoje”, explica.
A escolha pela música clássica foi circunstancial. “O violino me abriu portas e meu interesse estava na música, não no estilo ou instrumento. No Guri se ensina música clássica, em formato de orquestra, então segui por este caminho e desenvolvi um amor por ela, comecei a entender que poderia ser um profissional, fazer parte de uma orquestra. Meu professor Fabrizzio Ribeiro era inspirador, sua vida era dar aulas, fazer música tanto em eventos quanto em orquestras. Ele fazia a gente ter vontade de crescer, de ser profissional”, relembra Oliveira.
Em 2005, aos 14 anos, Felipe entrou para a Orquestra Jovem de Indaiatuba e aos 17 anos já tocava profissionalmente em eventos da cidade. Ele estudou música sacra, regência coral e em seu primeiro ano de faculdade, montou e regeu uma orquestra na igreja, além do coral de vozes. “Foi minha primeira vez na regência, meti as caras e deu certo, foi uma apresentação maravilhosa. Eu não me vejo fazendo outra coisa que não seja regendo e fazendo música. Quero trabalhar até o último dia da minha vida e morrer fazendo música”, pontua o maestro.
FORMAÇÃO Oliveira estudou violino no Conservatório de Tatuí, uma das maiores e mais renomadas escolas de música da América Latina. Por três anos estudou na capital paulista com professor particular e em 2012, entrou na Faculdade Cantareira em São Paulo. No mesmo ano classificou-se em 3º lugar para ingressar na Orquestra de Câmara da USP (OCAM).
Mais tarde, atuou como spalla, primeiro violinista de uma orquestra e patamar mais elevado depois do maestro, pela mesma orquestra. Depois de formado, ainda fez aulas com grandes mestres internacionais, em Berlim e Amsterdam. “Em 2019, fui convidado pela Sinfônica de Indaiatuba para ser regente da orquestra em um festival e depois dessa apresentação o maestro Paulo de Paula, diretor artístico da Sinfônica de Indaiatuba, me convidou para ser maestro da Orquestra Jovem de Indaiatuba, primeira oportunidade de ser regente de uma orquestra. Sou muito grato a ele por isso”, conta Felipe, que no mesmo mês foi convidado também para ser regente da orquestra Filarmônica de Patos de Minas”.
Ele decidiu focar seus estudos na regência, fazendo aulas com o maestro Cláudio Cruz, e depois da pandemia os concertos começaram. Desde 2020, Felipe é maestro da Filarmônica de Patos de Minas e da Orquestra Jovem de Indaiatuba. Em 2023 foi convidado pelo maestro Paulo de Paula para assumir o cargo de maestro assistente da Sinfônica de Indaiatuba.
FILARMÔNICA Esta foi a primeira vez que Oliveira se inscreveu no conceituado laboratório e foi selecionado por meio de um vídeo regendo a Filarmônica de Patos de Minas executando a 7ª Sinfonía de Beethoven. Entre os 19 selecionados para o laboratório, 15 tornam-se regentes ouvintes (que assistem aos ensaios) e apenas quatro são regentes ativos. Oliveira foi um deles e será o primeiro indaiatubano a reger a Filarmônica de Minas, sob supervisão do maestro Fábio Mechetti, durante um concerto que será realizado na próxima quarta-feira, 7 de junho, com transmissão ao vivo pelo canal do Youtube da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. “Estou animado por viver essa experiência com o Fábio, que é um gigante da regência no Brasil, com uma carreira de sucesso, dificilmente alguém consegue chegar ao nível de experiência que ele tem na música erudita e aprender com ele é um presente”, destaca o maestro.
Com informações: ARMAZÉM DA NOTÍCIA
Foto: Felipe Gomes