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Materiais de péssima qualidade e escolas sem estrutura preocupam professores em Indaiatuba

por HUGO ANTONELI JUNIOR

A qualidade dos materiais usados nas escolas públicas municipais de Indaiatuba (SP) caiu de forma drástica, foi o que o Comando Notícia confirmou com vários profissionais que trabalham na educação básica do município via anonimato nesta semana. Há uma lista de reivindicações para a Secretaria de Educação do sindicato dos professores, a Apeoesp, que a reportagem também teve acesso e que mostra que problemas estruturais estão entre as preocupações de quem cuida da educação no município.

Na escola Emeb Sylvia Teixeira de Camargo, localizada no Tombadouro, uma sala adaptada para receber crianças está sem lousa e sem ventilador, confirmaram dois pais. Segundo informaram ao Comando Notícia eles já conversaram com a direção da escola que justificou dizendo que um contrato terceirizado teria sido encerrado e que as equipes da Prefeitura estão trabalhando em outras obras. Enquanto isso as crianças seguem sem lousa desde o início do ano, dizem os pais.

Na Emeb Creche Dalva Coltro Denny, no Jardim Brasil, a unidade enquanto creche até 2018 foi toda desestruturada para receber as Etapas (módulo infantil), que foi retirada da Emeb Dom Ildefonso Stehle, para que a mesma se tornasse de período integral. Uma das etapas da escola do Jardim Brasil não tem banheiro adequado para utilização das crianças e elas precisam usar o banheiro de deficiente.

Na escola adaptada, as crianças precisam usar o banheiro de deficientes.

“Aqui onde eu trabalho foi pintado recentemente, mas está descascando, parece pintura velha, a tinta é uma porcaria”, reclama uma professora. “As escolas mais antigas foram abandonadas. Enquanto em algumas tem a instalação de ar condicionado, em outras o ventilador está quebrado, ou não tem. Tem problemas com os bebedouros que sempre quebram”, completa.

Porta recentemente pintada já está descascando, dizem professoras.

Materiais

A qualidade e quantidade de materiais para uso das professoras diminuiu drasticamente nos dois últimos anos. “Antes chegava muito material e de qualidade excelente. Atualmente falta”, diz uma professora sob anonimato. “A cola que as crianças usam parece uma água suja”, conta outra. “Molha toda a folha e não cola. O caderno de brochura desmonta, mesmo com as crianças usando com todo o cuidado, o lápis de cor é uma porcaria”, desabafa.

Outra educadora que conversou com o Comando Notícia diz que as massinhas grudam nas mãos e unhas das crianças. “O caderno de desenho, embora com folhas grossas, esfarelam em contato com a borracha”, diz. Essa queda na qualidade assustou os funcionários, principalmente pelo que era ofertado antes. Até o sulfite agora é contado.

“A gente pegava o sulfite para levar para casa e imprimir as atividades. Sempre demos a tinta, a gente que comprava, mas o sulfite pegava na escola para imprimir em casa, mas hoje isso não acontece mais, tem cotas”, relata uma professora. “Até a quantidade de sulfite para trabalhar está assim. Tem crianças que tem dificuldade em situações e, por isso, às vezes falta e tem até professores que compram o próprio sulfite, com dinheiro deles, quando acaba a cota.”

Na escola Emeb João Baptista Macedo, a internet não chega em todas as salas e a sala de informática não está funcionando corretamente, segundo a listagem que o Comando Notícia teve acesso e que será enviado pela Apeoesp à Prefeitura. Na Emeb Maria Helena, no Campo Bonito, metade dos computadores do laboratório não estão funcionando. Na Cleonice Lemos Narezzi, no Colibris, os livros didáticos são insuficientes, diz a lista. E na maioria das escolas listadas na reclamação formal o número de alunos por sala também é um problema.

A Apeoesp confirmou a listagem e os problemas nas escolas, informando também que enviará as reclamações para a Secretaria da Educação. A Prefeitura foi procurada para explicar os problemas, mas não retornou.

fotos: divulgação