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Medalhista brasileiro em Tóquio é filho de PM de SP

A primeira medalha do Brasil na Olímpiada de Tóquio foi conquistada pelo skatista Kelvin Hoefler, filho do 1º sargento reformado da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Enéas de Souza Rodrigues. O jovem alcançou o segundo lutar na final do Skate Street, que foi disputada na madrugada do ultimo  domingo (25). 

O skatista, de 27 anos, emocionado contou sobre as dificuldades no início da carreira. “Agradeço ao meu pai que é policial militar e se esforçava para me levar nos treinos. Por ser policial, era difícil conciliar”, ressaltou Kelvin que ainda ofereceu a medalha para todos policiais que o ajudaram nesta conquista. 

O sargento Enéas esteve na ativa até o ano de 2012, encerrando a carreira policial junto ao 21º Batalhão de Polícia Militar do Interior (BPM/I), sediado na cidade de Guarujá, no litoral sul do Estado de São Paulo. Mas antes disso ele já conciliava o serviço militar à sua rotina familiar.

“O skate para ele começou de uma forma inusitada. Eu sempre gostei de fazer esporte e quando ele era pequeno ele era muito agitado e então decidi colocá-lo para praticar algum esporte”, afirmou o PM reformado. De acordo com o pai, Kelvin foi do futebol ao surf, mas foi no skate que ele se encontrou.

“Eu tinha um skate guardado em casa há quase 15 anos e dei para ele brincar, sem pretensão alguma. Com o passar do tempo eu vi que ele estava começando a se empenhar, fazer manobras e me pedia para ir em eventos. Eu era soldado e estudei muito, me empenhei para passar para sargento e conseguir escolher onde ficar para o acompanhar nas competições”, afirmou.

Kelvin acompanhou a formatura de sargento do seu pai e inclusive levou o skate para a solenidade. “No local da solenidade ele chegou a fazer barulho com as manobras de skate e até chamou a atenção do meu comandante que, na ocasião, sorriu compreendendo a situação”, ressaltou.  

Com 30 de serviços prestados à PMESP, o militar contou que a todo momento teve apoio dos colegas de farda e dos comandantes da instituição. “Sempre que precisei trocar a escala para acompanhar o Kelvin em algum evento fui prontamente atendido e, no final, também atuei no SJD [Serviço de Justiça e Disciplina], o que ajudou ainda mais a ter disponibilidade”.

O sargento efetivamente conciliou muito bem a vida pessoal e profissional. Ele geralmente acompanhava o filho e vice-versa. “Eu sempre levava ele para o quartel também. Ele conhecia meus colegas, minha rotina e esteve comigo quando recebi uma homenagem pelos bons serviços prestados à instituição, por exemplo. Tudo que aprendi na polícia eu passei para ele como lealdade, disciplina e respeito. Ele sabe das peculiaridades da profissão e admira e por isso também dedicou a medalha à PMESP”.  

Antes de conquistar a primeira medalha do Brasil nas Olimpíadas de Tóquio, a qual a PMESP também o parabenizou, ele já acumulava diversos títulos – seis vezes campeão mundial, seis vezes campeão brasileiro e vencedor de uma das edições do street league, que é um dos principais campeonatos de skate do mundo.

Além disso, representando o Brasil, ele já ganhou duas medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze na X Games, além de centenas de outros títulos. E todo o sucesso não é à toa, desde pequeno Kelvin conta com uma rede de apoio bem estrutura e seu pai deixa claro que não é o único incentivador do filho. 

“Minha esposa, minhas filhas e todos os nossos familiares também foram essenciais. Minha filha mais velha auxiliava Kelvin nos estudos, por exemplo. A mais nova o acompanhava nos treinos e minha esposa era nossa massagista, enfermeira, nutricionista e cuidava de toda essa parte que acontece por trás dos treinos”, concluiu.