Mortes de cavalos: fabricante de ração proibida pelo governo federal diz que aguarda análises sobre suposta contaminação do produto

A Nutratta Nutrição Animal, fabricante da ração Forrage Horse, cuja venda e consumo foram proibidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, disse nesta quinta-feira (5) que aguarda análises de laboratório para identificar o que teria provocado a suposta contaminação do produto, apontado como causa provável para a morte de equinos, 29 deles em Indaiatuba (SP).
Segundo Diêgo Vilela, advogado que representa a Nutratta, a empresa se solidariza com as perdas, mas ressalta “que não pode assumir qualquer responsabilidade pois, tecnicamente, não há nenhum elemento que estabeleça nexo entre o consumo da ração e a mortalidade dos equinos”.
“Várias coletas foram feitas e os testes solicitados para alguns laboratórios. Não descartamos a hipótese de o problema não ter nada a ver com a ração, bem como não descartamos a possibilidade de que suposta contaminação do produto possa ter ocorrido fora da Nutratta”, disse Diêgo.
O advogado ressaltou que apesar de donos dos animais alegarem ter feito exames, até o momento “nada foi apresentado que seja conclusivo ou indicativo de que foi a ração que causou o mal-estar e a mortalidade dos animais”.
Proibição
Em ofício publicado na quarta (4), o Ministério da Agricultura e Pecuária determinou o recolhimento e proibição da venda da ração Forrage Horse, de modo cautelar, após “constatação de indícios da presença de contaminantes que podem prejudicar a saúde animal”.
Segundo o documento, estão impossibilitadas para consumo todas as embalagens fabricadas a partir de 8 de março de 2025.
Sobre a decisão do governo federal, o advogado destacou que a Nutratta já havia suspendido, por iniciativa própria, a fabricação e a venda da ração Forrage Horse, e considerou que “o ato administrativo se revelou totalmente desnecessário”.
“(…) a Nutratta já estava em franco processo de coleta da ração junto aos consumidores finais e aos distribuidores, do que o MAPA tinha pleno conhecimento – tanto é que o órgão estava acompanhando esse coleta em um distribuidor de São Paulo. Logo, o ato administrativo se revelou totalmente desnecessário, pois a Nutratta, como dito, já havia identificado os lotes e adotado todas as medidas necessárias”, defendeu.
Mortes em Indaiatuba
A primeira morte de equino apurada em Indaiatuba ocorreu em 23 de abril, seguida por outra no dia 30. A partir de então, outros sete animais também morreram.
Um veterinário ouvido pela EPTV, afiliada da TV Globo, explicou que os equinos apresentaram desânimo e alterações hepáticas. A ração e o feno oferecido também foram substituídos.
No dia 19 de maio, uma equipe da Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente de Indaiatuba fez uma vistoria no haras onde nove cavalos morreram.
Segundo a pasta, não havia irregularidades no local, e os técnicos apontaram que os animais apresentaram sinais compatívies com intoxicação alimentar.
O laudo preliminar de uma das éguas mortas apontou que ela sofreu uma infecção causada por bactéria.
Foto: Reprodução/EPTV