Cidades

Mudança no Brasil passa por “viver em justiça”, diz conferencista canadense em Indaiatuba

HUGO ANTONELI JUNIOR

INDAIATUBA – Na semana em que mais um escândalo de corrupção abalou os pilares da política brasileira, um canadense que mora aqui pensou e conversou com líderes religiosos da cidade sobre as possibilidades para que a nação possa ter esperança. “Só vivendo em justiça e começando nas casas, com o pai e o filho que poderemos ver essa virada”. A frase é de Dwayne Roberts [veja a entrevista completa abaixo], a atração do primeiro dia da conferência “Para Que o Mundo Ouça a Sua Voz”, da igreja Hangar 7, iniciada nesta quinta-feira (7). O primeiro dia foi voltado apenas para líderes. Mais de 300 pessoas fizeram inscrição de Indaiatuba e outras cidades como Sorocaba, Rio de Janeiro, Campinas e Florianópolis.

O Comando Notícia acompanhou toda a programação que começou por volta das 9 horas da manhã e terminou depois das 22 e entrevistou o conferencista em seguida. Foram duas sessões de palestras para líderes religiosos de diversas igrejas diferentes com base no trabalho desenvolvido por Roberts na Florianópolis House of Prayer (casa de oração, em tradução livre), um local dedicado a chamada “intercessão”, que é a oração de pessoas por outras. A conferência do Hangar 7 tem programação até sábado, dia 9, na própria sede – localizada na avenida Presidente Vargas, Centro.

“Aprendendo a liderar com Jesus”

Na primeira sessão, Roberts usou o personagem central e profeta maior dos cristãos, Jesus, como exemplo. “Mansidão é uma das palavra que gosto bastante. Nada mais é do que usar todas as suas habilidades de forma humilde. A liderança não pode definir quem você é. Você precisa ser incorruptível”, disse. “Nessa semana vimos o caso dos R$ 51 milhões em malas. É muito triste, mas não é porque um líder político está fazendo isso que precisamos também. Os nossos dons devem ser usados para servir ao nosso próximo”, continuou.

Roberts voltou a citar a atual situação do Brasil à noite. “Vivemos além de uma crise política, uma crise econômica. Mas se você enxergar, nestes momentos de crise são criados grandes vácuos e neles podem surgir vozes que influenciem uma geração”, afirma. Antes do início das sessões, a igreja exibiu um vídeo com imagens de grandes personalidades influenciadoras como Nelson Mandela, Barack Obama e do pastor batista norte-americano Luther King.

Para encerrar, o conferencista deu uma injeção de ânimo nos presentes. “Todos veem o Brasil como um grande potencial. É hora de você aproveitar a oportunidade. Que o próximo Bill Gates (fundador da empresa de computadores Microsoft) e Billy Graham (um dos maiores pastores dos Estados Unidos) seja daqui. Por quê não?”, disse em meio às luzes e a música.

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Entrevista: “Brasil pode viver algo parecido com Azusa”

Comando Notícia: Você acha que a mudança do Brasil passa pela mão de grandes líderes visionários?

Dwayne Roberts: O que eu vejo pelas minhas experiências, é que essa mudança não passa apenas pela política, mas em toda esfera desta cultura. Dentro de casa quando o pai diz para o filho: “parabéns porque você deu o jeitinho brasileiro. Bom trabalho”. Essa mudança precisa acontecer no coração do indivíduo. Você precisa querer viver em justiça. Eu acredito que os que posturam o seu coração desta forma, Deus vai soprar sobre eles. Deus tem palavras muito fortes para líderes que lideram vivendo fora da corrupção. Em Malaquias [último livro do Velho Testamento Bíblico], no capítulo um, você vê que Deus está bravo porque os líderes estão roubando.

CN: Falar para líderes de motiva?

DR: Eu amo falar para líderes. Eu amo. Você pode falar para dez mil pessoas ou para 200 líderes. Se eles são sérios, você terá mais fruto do que falar para dez mil. Entendemos que para onde caminha a liderança, caminha também o povo.

CN: Você tem andado pelo Brasil e vê igrejas jovens, como esta para qual você falou hoje, o Hangar 7. O Brasil tem uma grande parcela da população cristã, mas isso ainda não afetou moralmente, o que é chamado de “avivamento” no meio cristão. Essas igrejas são o ambiente para que isso aconteça no país?

DR: Eu acredito que igrejas assim como o Hangar estão criando uma atmosfera para que esta geração encontre Deus. Elas estão falando o idioma, a língua desta geração. E nelas, esta geração pode vir e se sentir confortável. Eu amo igrejas como o Hangar. Esta geração está encontrando Deus em lugares como este. Tenho esperança que Deus tenha um plano para esta nação e que encontre jovens dentro destas igrejas.

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CN: Poderia haver um movimento parecido como “Azusa”? [Azusa foi um movimento de “avivamento” na igreja norte-americana que começou em uma rua com este nome em 1905]

DR: Eu amaria ver o mover de Deus como na Azusa. Quando convicção vem para as pessoas, porque o espírito de convicção que vem de Deus, é isso que traz transformações. Você vê movimentos na história de evangelistas que falam e as pessoas são vistas ali chorando por causa do seu pecado. Eu amo isso e quero que isso chegue ao Brasil.

CN: Você falou sobre o potencial do Brasil. Como você enxerga isso?

DR: Para mim é como hardware e software. O hardware é a infraestrutura do país. Aí você olha o software, que são as pessoas. Por causa disso [das pessoas] do Brasil, existe grande potencial, talento, liderança e grande potencial.

CN: Qual recado você deixaria para as pessoas que querem ser líderes?

DR: Leve a si mesmo a sério. Leve a sua vida a sério. Aplique-se em trabalhar seriamente. Nada vem às pessoas que estão sentadas no sofá. Nada vem fácil. Se vier, não tem valor.

 

Sobre Dwayne Roberts: é canadense e um dos membros fundadores da International House of Prayer (IHOP-KC), onde por mais de 13 anos contendeu por manter viva a chama de louvor e intercessão na nação dos Estados Unidos. Antes deste período, Dwayne foi um missionário na Europa através dos Jovens Com Uma Missão (Jocum) por cerca de 10 anos. Como parte da liderança da IHOP-KC, fundou a conferência de jovens adultos Onething, a qual recebe hoje mais de 20 mil pessoas de todo o mundo na sua edição norte-americana. Em 2013, Dwayne mudou-se para o Brasil com sua esposa Jennifer e seus filhos Sydney, Chloe e Elijah  para estabelecerem uma Casa de Oração a serviço da Igreja brasileira, hoje, a Florianópolis House of Prayer (FHOP).

Com tradução simultânea de: Keila Braga Cortina

Fotos: Hangar 7 e divulgação