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Mulher vítima de abuso denuncia que Delegacia da Mulher de Indaiatuba não tem delegada

por HUGO ANTONELI JUNIOR

Indaiatuba (SP) não tem uma delegada na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). É o que denuncia uma vítima de violência que precisou ser atendida na semana passada no local. “Perguntei sobre a delegada que dizem que tem, mas não tem, achei um absurdo. Onde está a cidade maravilhosa? Quando eu mais precisei, não tive”, desabafa.

O caso dela está sendo investigado pela Polícia Civil e o agressor foi preso, mas ela sentiu falta de poder relatar à uma mulher. “No nosso momento de maior dor, gostaríamos de falar com uma mulher. O escrivão que me atendeu foi atencioso, mas é até constrangedor precisar falar com um homem sobre o que aconteceu.”

Um dos ferimentos que a grávida teve no abuso.

A mulher está grávida de sete meses conversou com o Comando Notícia na tarde de quarta-feira (13). Ela relata que estava dentro de casa com o filho quando um bandido pulou o portão. “Ele ficou parado na porta da sala. Me agrediu, me jogou no chão e me arrastou para o quarto. A minha sorte é que o meu filho estava em casa e viu tudo. Saiu correndo para chamar o pai que estava trabalhando no andar de cima”, diz. O marido da vítima e outra pessoa desceram rapidamente. O acusado foi detido por populares e depois pela Polícia Militar que o levou até a delegacia, onde ficou preso em flagrante.

O caso aconteceu no sábado (9), no Jardim Sabiás. Quando chegou na Unidade de Pronto Atendimento (Upa), no Jardim Morada do Sol, a mulher relata que foi muito bem atendida. “Sempre sou bem atendida lá, mas eu fiquei preocupada com a minha filha. Tudo o que eu queria ali era ouvir o coraçãozinho dela”, relata. “Mas aí me disseram que na Upa não tem esse aparelho, apenas no Haoc”, prossegue.

Ela foi levada até o hospital, na ala da maternidade e pediu para passar por exames. “Conversei com a enfermeira que foi conversar com o médico que estava de plantão. Ele disse que por causa do que tinha acontecido comigo, o abuso, era para eu ir para o IML. O exame foi negado para mim”, afirma. Ela foi, então, até a delegacia, onde foi orientada a fazer o exame no Instituto Médico Legal (IML) de Campinas (SP).

Ferimentos que o estuprador causou na vítima em Indaiatuba.

Quando foi até a instituição, o horário de atendimento tinha sido alterado. “Ninguém me avisou, eu perdi a viagem na primeira vez”, informa. No dia seguinte ela foi até o IML novamente e conseguiu passar pelo exame. “O que me deixa mais tranquila é que ele está preso agora. Mas eu não estou conseguindo dormir, eu choro às vezes. O que eu precisava era ter sido acolhida por uma delegada. As meninas da DDM, os investigadores, todos me atenderam muito bem, mas eu realmente não sabia que não teria delegada lá, conforme sempre fizeram propaganda”, diz.

Ela ainda faz uma sugestão. “A Upa é tão boa, porque não tem um aparelho para fazer exames lá? Falta investimento, na minha opinião”, diz. E termina. “Estou procurando um advogado para o meu caso, eu preciso de ajuda”, encerra.

Respostas

Em nota, via assessoria de imprensa, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) enviou uma nota ao Comando Notícia. “A Polícia Civil esclarece que o Plantão Policial de Indaiatuba segue funcionando interruptamente com a atuação da autoridade policial à distância, sendo acionada em casos de urgência, visando à otimização dos recursos. A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) do município funciona somente em horário comercial, sem plantão 24h, das 9h às 18h, de segunda a sexta-feira. Entretanto, as vítimas podem comparecer a qualquer unidade policial do Estado, pois todas utilizam o Protocolo Único de Atendimento.”

E prossegue. “É importante reforçar que a atual gestão autorizou a abertura de 2.750 novas vagas para a Polícia Civil. Os editais serão lançados em breve e publicados no Diário Oficial. Atualmente, 1.649 aprovados em concurso estão na Academia de Polícia (Acadepol) e serão distribuídos por todo o estado após a conclusão do curso. Mais 600 aprovados, para vagas de investigadores, devem também ser nomeados.”

A Prefeitura, em nota, via assessoria de imprensa, informou que “a paciente foi atendida na ala de convênio do Haoc. A UPA não faz atendimento de ginecologia e obstetrícia, todos são encaminhados para o Haoc que possui esse atendimento e também sala de parto humanizado.”

fotos: Hugo Antoneli Junior/Comando Notícia