CAROL BORSATO*
Os cegos tem duas formas de realizar uma leitura: em braille ou com leitor de tela. A leitura feita com o leitor de tela não é tão rápida, pois precisa colocar numa velocidade de voz que o cego consiga entender – e isso muda de pessoa para pessoa.
Outro detalhe é a voz, cada voz tem uma configuração, desde a tonalidade, velocidade, velocidade ao soletrar e tonalidade de pronúncia de maiúsculas. Com o leitor de tela se for preciso analisar a grafia da palavra, você pausa a leitura e procura a palavra que deseja saber como se escreve. Essas pausas fazem a leitura perder o ritmo e às vezes até o sentido. Infelizmente você não tem o contato diretamente com a escrita com leitor de tela.
Na leitura em braille, você não precisa ficar pausando, pois já tem o contato direto com a escrita, você conseguirá ler o seu texto sem maiores problemas. Mas infelizmente livros em braille são difíceis de se encontrar, para a tristeza dos cegos. Esses livros são produzidos por algumas instituições e a maioria dessas instituições apenas lançam livros com conteúdos relacionados a reabilitações.
As instituições que produzem livros em braille são: Fundação Dorina Nowill para Cegos e Instituto Benjamin Constant. É difícil para quem é cego ter acesso a todos os livros que deseja, a não ser que pague para o IBC ou FDNc para que eles produzam os livros e enviem para você pelo correio.
O que significa que a melhor opção é mais difícil, e aí os cegos acabam por optar pelos leitores de tela, mas que a diferença na hora de escrever é grande, é! Como estar feliz, quando você é amante da leitura e é difícil ter acesso ao que você mais gosta?
*Carol Borsato é jornalista e é a primeira repórter deficiente visual da história de Indaiatuba (SP).
foto: divulgação