O Ministério da Justiça e Segurança Pública coordenou a maior operação já realizada no Brasil de combate à violência contra a mulher. Em entrevista à reportagem, a delegada da Coordenação Geral de Operações Integradas e Combate ao Crime Organizado, Fernanda Antonucci, os perfis identificados na operação geralmente são de pessoas próximas às vítimas, como parentes, amigos e companheiros: “Na maioria dos casos são homens considerados machistas e que acabam vendo a mulher como objeto, como posse e como propriedade, que acham que elas devem ser submissas, que elas não devem ter voz. Isso é o que eles entendem, e acabam iniciando a violência justamente com uma fala ou xingamento”. A Operação Átria determinou quase 40 mil medidas protetivas de urgência para mulheres vítimas de algum tipo de violência em todo o país. O número chega próximo da metade do total de vítimas atendidas de 27 de fevereiro a 29 de março, período em que 79,5 mil mulheres precisaram de ajuda. Os dados são da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
O levantamento ainda aponta que, durante a operação, quase 700 mulheres foram resgatadas de alguma situação de cárcere e mais de 9 mil agressores foram presos, sendo que cerca de 6,7 mil em flagrante, ou seja, quando a situação de violência aconteceu no momento da chegada da polícia. De acordo com a delegada , os números são bastante expressivos e os casos incluem diferentes tipos de violência: “Foram identificados diversos crimes, mas o de maior incidência foi o de descumprimento de medida protetiva de urgência. Além deles, os crimes contra a dignidade sexual, crimes contra a honra, principalmente injúria, calúnia e difamação. Também tivemos casos de feminicídio, tanto tentado, quanto consumado”. As vítimas costumam ter perfis parecidos, são mulheres dependentes emocionalmente ou financeiramente dos agressores, com medo de denunciar e, na maioria dos casos, ameaçadas.
“As mulheres sentem medo de represália e de sofrerem também. Tem casos que elas até registram, denunciam e depois se arrependem. Às vezes elas são coagidas pelos seus parceiros, na verdade elas não querem desistir, mas desistem porque sofrem novamente essa pressão psicológica e esse constrangimento. É transferida a culpa para elas, para elas se sentirem mal e colocam justamente os filhos, a família e a mulher acaba cedendo a essa situação e se tornando vítima”, descreveu a delegada. Os agressores também costumam apresentar comportamentos semelhantes: “Começam com a violência verbal e partem para a física. Com a física, esse é o risco delas nunca registrarem, nunca terem uma medida protetiva e o autuante de incorrer em feminicídios”. Denúncias de violência contra a mulher podem ser feitas pelo número 180, que atende todo o território nacional, 24 horas por dia. Além disso, também é possível buscar ajuda pela internet, como na página da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, ou nos canais de emergência da Polícia Civil ou da Polícia Militar.
Com informações: Jovem Pan
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