Cidades

Os estádios de futebol são acessíveis?

CAROL BORSATO*

Geralmente as pessoas vão ao estádio, se acomodam nas arquibancadas e olham para o campo, assim sabem tudo que rola lá. Mas e os deficientes visuais? Como acompanham um jogo de futebol no estádio?

Infelizmente os estádios não oferecem acessibilidade e para um deficiente visual assistir aos jogos ele precisa que uma pessoa que enxergue, descreva o jogo, e foi isso que fez Silvia Grecco para seu filho, Nickollas. Ela foi flagrada pelas câmeras de tv, num jogo do Palmeiras, narrando o jogo para seu filho deficiente visual.

Nickollas, 12 anos, tem autismo leve e é deficiente visual. Nasceu prematuro, aos 5 meses, por isso a formação da retina não se concluiu. Teve a adoção recusada por 12 famílias até sua história se cruzar com a de Silvia Grecco. Esse maravilhoso ato de Silvia, de narrar o jogo para o filho deficiente, fez dela ganhadora do prêmio Torcedor do Ano da Fifa. Na premiação, em Milão, na Itália, Silvia foi aplaudida de pé.

“A pessoa com deficiência existe e precisa ser amada, respeitada e incluída”, disse Silvia. Ela também fez questão de descrever ao filho o quanto o auditório estava cheio e com a presença de grandes jogadores. Este ato de descrever é promover a acessibilidade, é o meio de ajudar o cego a compreender o que se passa, pode ser uma partida de futebol e até mesmo um filme.

É uma pena que são poucas as pessoas que se preocupam em fazer esses pequenos atos que tornam a vida do cego mais inclusiva e emocionante.

*Carol Borsato é a primeira repórter deficiente visual da história de Indaiatuba (SP) e escreve aos domingos.

foto: FIFA TV