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Pepo pede “CPI dos panfletos” com o rosto dos vereadores contrários à CPI da Saúde

HUGO ANTONELI JUNIOR

Não houve manifestantes pedindo a CPI da Saúde na sessão da Câmara de vereadores de terça-feira (29) em Indaiatuba (SP), mas o assunto continuou em pauta. Os nove vereadores da situação estiveram na Prefeitura antes da sessão para uma reunião com o tema saúde e alguns deles defenderam a área em tribuna, um dos mais exaltados foi o ex-secretário de Habitação que voltou recentemente ao Legislativo, Jorge Lepinski (MDB), o Pepo. Ele ironizou a CPI da Saúde chamando de “política” e atacou os manifestantes.

“Fica esse bafafá de CPI da Saúde. Eu queria deixar uma coisa bem clara. Tenho certeza que dos 12 vereadores aqui, nenhum é contra a saúde, nenhum é a favor da morte de bebê. Agora, quando se trata de uma CPI séria, que não tem politicagem no meio, daria para a gente sentar e conversar”, disse.

“Mas quando vem 15 pessoas aqui, todas ligadas a partidos políticos, vice-presidente de partido da oposição, pré-candidato a vereador e fica exigindo. A oposição a gente até respeita quando eles pedem alguma coisa, mas vivemos num país democrático. Temos o direito de aceitar ou não. Agora, colocar o rosto dos nove vereadores daqui que não concordam com a CPI, que é política, não é CPI da Saúde, complica”, reclama.

“Agora vamos fazer uma CPI também para saber quem está pagando este material, de onde é”, disse antes de ser interrompido pelo presidente da Câmara, Hélio Ribeiro (PSB). “Peço que o vereador fale sobre a indicação”, solicitou. “Estou falando”, respondeu Pepo, antes de continuar.

“Com todo respeito aos vereadores da oposição aqui, que não é o rosto deles que está lá. Eu uso o Haoc, minha família usa o Haoc e todos queremos o melhor. Ficar vindo aqui gritar, colocando o rosto da gente no Facebook, panfletando. Isso é coisa de moleque, de pessoas desinformadas, políticos mal-caráter, não está este caos que estão falando”, encerrou.

Oposição

Durante a palavra-livre os três vereadores da oposição, quando todos os outros exceto o presidente já tinham saído, responderam às acusações e ironias. Arthur Spíndola (PV) começou. “Jamais pode-se dizer que uma CPI que foi protocolada em maio com a assinatura de três vereadores sérios e competentes pode ser chamada de política. Isso fica até pesado da gente falar porque é um argumento vazio, falho e acho importante dizer para quem acha que é brincadeira ou que estamos blefando, todas as sessões nós trazemos o papel, mas essa assinatura não vem. Vamos abrir e investigar para ver quem está com jogo político e quem está blefando”, desafiou. 

Alexandre Peres (SD) seguiu a mesma linha. “O que importa é a consciência livre. Hoje os vereadores se reuniram com o prefeito e com a secretária de saúde para discutir a saúde. Sabe por que? Porque estamos mostrando que tem coisa errada lá. Da nossa parte a CPI é um pedido totalmente técnico, eu tenho aqui um relatório com embasamento. Queremos saber dos óbitos sucessivos, mal explicados, se teve negligência, se não teve, se quem operou foi punido, se houve sindicância, por quê daquele prédio do Haoc estar atrasado dois anos. A CPI não quer condenar ninguém. É abrir  caixa preta para ver o que está acontecendo.”

O líder da oposição ainda revelou que Indaiatuba tem mais de 27 mil pessoas esperando na fila da saúde. Ricardo França (PRP) reforçou o discurso. “Tem que ficar clara a resposta da prefeitura ao nosso requerimento que pede explicações porque algumas especialidades não tinham sido contratadas sendo que havia pessoas de concurso para chamar. Ao meu ver, mutirão em geral mostra ineficiência. Você é obrigado a fazer mutirão em alguma emergência, calamidade, mas com vidas, vários exames, procedimentos, consultas demorando. Aí chega perto do ano da eleição e vem a mágica. Fila é uma questão de cálculo, de engenharia e é tratado por uma gestão não tão profissional. Fila é má gestão. Quando é na iniciativa privada está pensando no lucro, mas na saúde pública não pode faltar dinheiro, dá para gastar muito mais.”

foto: arquivo/Câmara