PM achado morto, nu e amarrado em carroça disse que iria fazer evangelização na Cracolândia, Centro de SP, afirma pastor
O policial militar encontrado morto, nu e amarrado dentro de uma carroça, no último sábado (17), disse antes de morrer que iria fazer evangelização na Cracolândia, centro de São Paulo, afirmou o pastor da igreja que ele frequentava em Presidente Prudente, no interior do estado.
Quatro homens estão presos por suspeita de participação no assassinato do soldado Daniel Alves de Lima, de 32 anos. O corpo dele foi identificado na segunda-feira (19) e foi sepultado na terça (20) na cidade de Presidente Prudente, onde nasceu. O policial trabalhava na corporação da capital, e havia mudado há seus meses.
“Na última quarta feira [14] ele participou do culto, no final veio me cumprimentar, e ele tinha falado que estaria em São Paulo que recebeu um convite para estar evangelizando também na Cracolândia”, falou nesta terça-feira (20) à reportagem o pastor Renato Filitto, da Assembleia de Deus.
Daniel estava desaparecido desde sexta-feira (16), quando foi visto pela última vez na República, também região central da capital paulista. Segundo Renato, Daniel contou que tinha recebido um convite para evangelizar jovens numa praça.
A Cracolândia é uma região conhecida pelo tráfico e consumo de drogas ao ar livre durante todo o dia. Traficantes e dependentes químicos se misturam nas ruas. “A vontade dele mesmo era resgatar essas pessoas”, disse o pastor.
Daniel foi achado morto com sinais de violência no último sábado por equipes da PM que patrulhavam a Cracolândia. Policiais militares desconfiaram de quatro homens que empurravam uma carroça no Viaduto Engenheiro Orlando Murgel, no bairro de Campos Elíseos. Durante a abordagem, os suspeitos disseram estar transportando entulho.
Quando os agentes verificaram a carroça e encontraram um cadáver masculino não identificado, os quatro homens alegaram que não sabiam que tinha um corpo ali dentro. Todos foram algemados e presos em flagrante pela PM por suspeita de assassinato. Acabaram levados ao 2º Distrito Policial (DP), Bom Retiro, onde o caso foi registrado e é investigado como homicídio qualificado.
A Polícia Militar também apreendeu cordas e uma faca que estavam com o grupo. Não se sabe se a vítima foi esfaqueada. De acordo com peritos, “a morte teria ocorrido recentemente” ainda no sábado passado. Ele tinha lesões pelo corpo e tinha pescoço, braços e pernas amarrados.
Entre os suspeitos, estão um cozinheiro de 35 anos e três desempregados, de 26, 32 e 37 anos. Eles já tinham passagens anteriores por outros crimes, como furto, roubo e tráfico. Até a última atualização desta reportagem, as defesas dos suspeitos não haviam sido localizadas.
Até a última atualização desta reportagem, a delegacia não havia recebido os resultados de exames periciais que apontassem a causa da morte. Os investigadores apuram as causas da morte e eventuais responsabilidades pelo assassinato do PM.
Por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a Polícia Civil realiza diligências “para identificar o caminho percorrido” pelos quatro suspeitos detidos. A pasta ainda comunicou que “a equipe trabalha para esclarecer o crime e apurar se há outros envolvidos”.
Daniel Lima trabalhava na 1ª Companhia do 18º Batalhão da Polícia Militar, em Presidente Prudente, interior do estado, cidade onde nasceu.
Também por meio de nota, a comunicação da Polícia Militar confirmou que “informações preliminares dizem que possivelmente o PM estaria evangelizando para moradores de rua, na região central da capital.” A corporação ainda informou que colabora com a investigação da Polícia Civil para esclarecer o caso do assassinato do soldado Daniel.
Investigação
A Polícia Civil quer entender, entre outras coisas, o que o soldado Daniel, que trabalhava na PM em Presidente Prudente, fazia na Cracolândia. Inicialmente a informação é de que ele foi para lá na intenção de evangelizar as dependentes e pessoas que moram na região.
A investigação também busca saber se os quatro homens que carregavam a carroça participaram diretamente do homicídio do PM ou se foram pagos para transportar o corpo. O 2º DP ainda procura câmeras de segurança que possam ter gravado os quatro suspeitos empurrando a carroça para tentar saber como Daniel foi morto.
Há a informação de que uma câmera gravou três pessoas empurrando a carroça na Alameda Barão de Piracicaba, por volta das 8h10 de sábado. Uma quarta pessoa apareceria afastada dos demais na imagem, como se estivesse dando cobertura ao grupo.