As cicatrizes preocupam a maioria dos pacientes que pretendem se submeter a uma cirurgia plástica. Com função estética ou reparadora, todos os procedimentos cirúrgicos deixam marcas na pele. No entanto, hoje em dia, a evolução dos instrumentos e o aprimoramento técnico permitem a realização de incisões de alta precisão e, sempre que possível, menores e minimamente invasivas. “Para chegar ao resultado de uma cicatriz praticamente imperceptível, o especialista dispõe de muitos recursos. Mas os cuidados tomados pelo paciente no pós-operatório são fundamentais no processo de cicatrização”, afirma o cirurgião plástico Juliano Pereira.
Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Pereira destaca que uma cicatriz suave, sem saliência e com coloração semelhante à pele do local da cirurgia se condiciona a vários fatores. “O instrumental, a técnica e os materiais para as incisões e as suturas devem ser cuidadosamente observados pelo profissional. Entre outros critérios, também há o posicionamento adequado das cicatrizes, que devem estar em áreas menos visíveis do corpo e que apresentem menor tensão da pele.”
Os procedimentos pré-operatórios em cirurgia plástica não se limitam a exames, preparações, dietas e demais providências. “A cicatrização no organismo de cada paciente deriva de hereditariedade, de características da pele, que contemplam estágio de envelhecimento, elasticidade e produção de colágeno”, afirma Pereira. “Estas e outras particularidades podem determinar a boa cicatrização e devem ser consideradas na condição geral de quem vai passar por uma cirurgia plástica”, completa.
O processo de cicatrização após uma cirurgia pode ser dividido em três etapas. A primeira fase é a inflamatória, caracterizada por dor, calor, rubor e edema no tecido que sofreu a incisão. A fase de proliferação vem a seguir. “Nesta etapa, em que a cicatriz assume um aspecto avermelhado, ocorre a regeneração da pele, com a proliferação dos fibroblastos e a reconstituição dos vasos sanguíneos e linfáticos”, diz. A última fase é a remodelação do tecido cicatricial formado na etapa anterior. “Neste momento, as fibras de colágeno proporcionam uma resistência maior e melhoram o aspecto da cicatriz.”
Há várias incisões e técnicas possíveis ao alcance do cirurgião plástico. Na mamoplastia, realizada para aumentar ou reduzir o volume das mamas, os tipos de incisões cirúrgicas consideram o volume da prótese de silicone a ser aplicada e as características físicas da paciente. Com a incisão periareolar, a cicatriz se localiza na transição entre a aréola e a pele da mama. A vertical, também conhecida como “T invertido”, é a que mais desperta preocupação entre as mulheres. “Mas mesmo com o corte em uma região mais visível da mama, a cicatrização evolui satisfatoriamente. Porém, não é incomum que haja um sofrimento na interseção das cicatrizes”, pondera Pereira. A opção mais discreta, segundo o especialista, é a incisão inframamária, que tem a finalidade de remover o excesso de pele e gordura no sentido vertical da mama. “A cicatriz, neste caso, se localiza em uma região de menor tensão.”
A lipoaspiração também deixa cicatrizes. Para realizar o procedimento, o cirurgião introduz por minúsculas incisões no abdômen uma cânula para aspirar a gordura em excesso. “As marcas no pós-cirúrgico, neste caso, são extremamente pequenas, muito discretas e se localizam abaixo da linha do biquíni, no sulco mamário, no umbigo e em outras áreas pouco visíveis”, diz.
Na abdominoplastia, quanto menor a retirada de pele e gordura, menor a extensão da cicatriz. Além disso, as marcas podem ser cobertas pela roupa íntima ou pelo biquíni. “Em pacientes que apresentem muita flacidez e excesso de pele, principalmente nos casos em que houve grande perda de peso, como em pacientes pós-bariátricos, é indicada a abdominoplastia em âncora. Neste caso, as cicatrizes no abdômen são mais evidentes”, ressalva o cirurgião.
Outra preocupação recorrente por parte das pessoas que vão se submeter à cirurgia plástica é a possibilidade do aparecimento de queloides. De acordo com Pereira, nem toda cicatriz hipertrófica, que costuma ser grossa, elevada e às vezes avermelhada, é um queloide. “Os queloides têm outras características. São cicatrizes grossas que extrapolam os limites de um corte ou de uma ferida e podem provocar coceira e até mesmo dor”, explica.
Os cuidados que competem ao paciente no pós-operatório exigem não expor a cicatriz recente ou avermelhada ao sol. A aplicação de protetor solar é indispensável na região. O uso de fitas de compressão de silicone após a retirada dos pontos também é desejável. “Em alguns casos, para melhoria da qualidade da cicatriz, são recomendados peeling, microagulhamento, entre outros procedimentos prescritos sempre pelo cirurgião plástico”, reforça.
Uma cicatriz quase invisível aos olhos, segundo Juliano Pereira, é o ideal almejado por pacientes e também pelo cirurgião plástico. Porém, nem sempre isso é possível. Muitas vezes, como dito anteriormente, as cicatrizes dependem de genética, etnia, hábitos alimentares e de vida, como o não tabagismo. “Quando há excesso de pele, tanto na mama quanto no abdômen, e também em outras áreas do corpo, as cicatrizes precisam ser um pouco mais extensas”, observa. “No entanto, vale ressaltar que o cirurgião plástico deseja fazer a menor cicatriz possível no paciente”, conclui.
Com informações: MXP comunicação
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