A Prefeitura de Indaiatuba está aderindo a uma nova proposta de controle do Aedes aegypti, mosquito transmissor de doenças como, dengue, chikungunya e Zika. O município está finalizando um acordo de cooperação com a empresa britânica Oxitec para liberar, em alguns locais estratégicos, uma nova linhagem de mosquito geneticamente modificado que combate o Aedes aegypti selvagem.
A Liberação Planejada no Meio Ambiente (LPMA) do novo mosquito, identificado como OX5034, já foi aprovada pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e será iniciada ainda este ano. A avaliação inclui o monitoramento dos resultados do mosquito, popularmente conhecido como Aedes do Bem™, nos locais onde eles serão controladamente liberados e não traz riscos para a saúde humana ou ambientais.
O acordo de cooperação entre a Oxitec e a Prefeitura de Indaiatuba prevê a realização da avaliação de campo ao longo de 36 meses em diferentes áreas. Cada área terá liberação programada do mosquito OX5034 ao longo de até 18 meses.
O prefeito Nilson Gaspar (PMDB) acredita que esta experiência será muito positiva para o município. “Optamos por colaborar com as pesquisas, uma vez que a soltura planejada dos insetos transgênicos é uma tentativa de reduzir a população deste vetor de doenças graves que causam muita preocupação em todo o país. Seremos um dos pioneiros a implantar esta ação no Brasil, que não terá nenhum custo para a cidade”, disse.
Segundo o secretário de saúde, Dr. José Roberto Stefani, a adoção da nova tecnologia não exclui as medidas convencionais de combate ao Aedes aegypti. “Continuaremos com todas as ações desenvolvidas pelo Programa de Controle da Dengue na cidade, a implantação do Aedes do Bem é uma estratégia adicional que será implantada em pontos muito específicos. Precisamos continuar vigilantes para evitar focos de água parada e a consequente proliferação do mosquito”, explicou.
Os bairros sugeridos pela empresa para receberem os mosquitos transgênicos são: Parque Indaiá, Cecap e alguns pontos do Jardim Morada do Sol. No entanto, os locais serão determinados pela administração municipal somente após a conclusão da Avaliação de Densidade Larvária (ADL), que será realizada pelo Programa de Controle da Dengue do município. O teste indica quais pontos da cidade há maior incidência de larvas do Aedes aegypti.
Mosquito Transgênico
Os Aedes do Bem™ são mosquitos machos que não picam e não transmitem doenças. Ao serem liberados, esses machos buscam e copulam com fêmeas selvagens do Aedes aegypti e seus descendentes herdam um gene autolimitante que faz com que morram antes de atingirem a idade adulta. Os filhos do mosquito da Oxitec também herdam um marcador fluorescente que permite que eles sejam identificados e monitorados.
A principal diferença entre o OX513A (mosquito que está sendo liberado em Piracicaba desde 2015) e o OX5034 é que, na linhagem mais nova, os machos sobrevivem naturalmente. Dessa forma, as fêmeas morrem no estágio de larva dentro da própria fábrica, o que otimiza o processo produtivo do Aedes do Bem™. Na nova linhagem, em campo, os machos nascem também a partir da cruza com fêmeas selvagens, e a duração dos efeitos benéficos do Aedes do Bem™ se estende.
“O gene autolimitante presente no OX5034 é o mesmo do OX513A e, por isso esperamos resultados de supressão tão eficazes quanto aos já alcançados com o OX513A, mas com vantagens operacionais para a Oxitec, pois o OX5034 eliminará algumas etapas do processo produtivo, tornando-o mais rápido e eficaz”, afirma a doutora Cecília Kosmann, entomologista e coordenadora de Suporte Científico da Oxitec.
Foto: Arquivo RIC/PMI