No próximo sábado, 27, das 7 às 12 horas acontece no auditório do Instituto Penido Burnier, apresentação do Projeto Catarata. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a prefeitura municipal de Campinas e o braço social do hospital, Fundação Dr. João Penido Burnier, que oferece atendimento oftalmológico pelo SUS. O projeto incrementa em 570 o número de cirurgias realizadas até o final do ano pela equipe de oftalmologistas da fundação.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do hospital, o grande número de pessoas inscritas na fila de catarata do serviço municipal de saúde, sensibilizou os vereadores Jorge Schneider, Eduardo Magoga, Luíz Rossini e José Carlos Silva que apresentaram emenda de dotação orçamentária à Fundação Penido durante a elaboração do Projeto de Lei Orçamentária do ano, visando mitigar o sofrimento desta parcela da população. “Só a equipe de oftalmologistas da fundação inscreveu nos últimos seis meses 1,3 mil pacientes na fila de catarata. Este número não para de crescer devido ao rápido envelhecimento da população, hoje um dos principais desafios do gerenciamento da saúde pública no País”, relata Queiroz Neto.
O especialista destaca que a catarata e a falta de óculos para corrigir os erros de refração são as duas principais causas globais de baixa visão reversível. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) respondem por 75% dos casos de deficiência visual tratável. Queiroz Neto explica que a catarata é decorrente da opacificação do cristalino, lente interna e transparente do olho que se torna opaca pela degeneração natural das células conforme envelhecemos. A condição também pode estar relacionada a outros fatores de risco. Os principais elencados pelo oftalmologistas são a falta de filtro ultravioleta nas lentes dos óculos utilizados nas atividades externas, traumas, hábitos alimentares pouco saudáveis, alta miopia, diabetes, alguns medicamentos indicados para outras doenças e até o sono irregular.
Uma evidência da importância destes fatores é o resultado de um estudo conduzido pela FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz) que aponta a catarata em 1 a cada 4 brasileiros com 50 anos ou mais. O estudo também mostra que a partir desta idade a catarata só fica atrás da hipertensão arterial, problema de coluna e colesterol alto. Não por acaso, a OMS estima que 85% dos casos de deficiência visual intensa e perda da visão ocorrem a partir dos 50 anos.
Para agravar o cenário da saúde ocular dos brasileiros, Queiroz Neto destaca a velocidade assustadora do envelhecimento da população apontados pelos censos de 2010 e 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No período, o crescimento da população com 65 anos ou mais ultrapassou 50%. No mesmo intervalo de tempo, a comparação dos relatórios do CBO (Conselho brasileiro de Oftalmologia) mostra que o número de pessoas cegas no País saltou de 600 mil para 1,559 milhão. Já a previsão para 2030 é de que a população de idosos vai ultrapassar a de crianças com até 14 anos. Por isso, é crucial o reforço dos serviços públicos para manter o funcionamento do sistema de saúde.
A boa notícia é que ano a ano a Oftalmologia vem agregando tecnologias cada vez mais precisas. Por isso, a cirurgia de catarata é bastante segura, feita com anestesia local, no mesmo dia o paciente recebe alta e a recuperação é rápida, desde que os colírios prescritos após o procedimento sejam instilados conforme a orientação do cirurgião.
Para participar do Projeto Catarata, Queiroz Neto informa que o paciente precisa ter indicação de um especialista e estar inscrito pelo serviço especializado que o atendeu na Fila de Gestão de Cirurgias do Município (GEFIC). A convocação é feita por telefone e segue a ordem da fila. Nossa expectativa é ampliar cada vez mais o acesso à saúde ocular, finaliza.
Com informações: LDC Comunicações
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