Projeto voluntário tatua de graça mulheres que tiveram câncer em Sorocaba: ‘Renasci’, diz paciente

Os dias marcados por um processo difícil ficaram no passado. Ainda que as cicatrizes continuem no mesmo lugar, elas passam a fazer parte de uma história que foi renovada por meio de um projeto voluntário de micropigmentadoras de Sorocaba (SP) que tatua mulheres que tiveram câncer.
A reportagem , a micropigmentadora Fernanda Barcelli contou que participa da ação há cinco anos com mais duas irmãs, que também trabalham no laboratório. Segundo ela, a família decidiu ajudar pacientes oncológicas de forma voluntária, já que muitas não conseguem pagar pelo procedimento.
“Eu sinto que, em cada procedimento que eu faço nas clientes, eu não vejo o meu valor, eu esqueço. É uma alegria entregar o espelho e elas se emocionarem”, comenta Fernanda.
Nesta sexta-feira (30), a partir de 12h, o laboratório receberá mulheres que buscam fazer o procedimento de micropigmentação na sobrancelha e a reconstrução da aréola.
As inscrições estão abertas para pacientes foram vítimas de câncer e não têm condições de pagar pelo procedimento. O agendamento pode ser feito pelo telefone (15) 3211-2253.
‘Fica um vazio’
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Patrícia Souza passa pelo procedimento de micropigmentação desde 2017 em Sorocaba — Foto: Patrícia Souza/Arquivo pessoal
As lágrimas deixaram de ser de tristeza para a vendedora Patrícia Souza Costa, de 44 anos, que passou pelo procedimento. Em entrevista a reportagem , ela relatou que mora em Igaraçu do Tietê (SP) e foi diagnosticada com câncer no colo do útero em 2013.
“Os pelos da minha sobrancelha não voltaram mais. Para uma mulher, olhar no espelho e faltar algo faz você se sentir frustrada. É estranho você não ter mais uma parte do seu corpo. Parece que fica um buraco, um vazio”, conta.
Após várias tentativas de fazer o design da sobrancelha com lápis, Patrícia optou por realizar um curso, já que tem a pele oleosa e não conseguia manter a maquiagem por muito tempo. Mesmo assim, o problema continuou.
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A vendedora então encontrou o projeto nas redes sociais e decidiu se inscrever. Em 2017, ela veio para Sorocaba e fez a micropigmentação nas sobrancelhas. Desde então, é atendida de graça todo mês de outubro.
“Eu olhei no espelho e comecei a chorar. Esse choro foi de alegria, porque eu renasci. As mãos da Fernanda me fizeram renascer e, depois daquele dia, eu aprendi a me amar. Eu me amo, eu sou bonita. Me olho e me vejo uma mulher linda e tudo isso eu devo a ela”, ressalta Patrícia.
A mulher chegou a pesar 34 quilos durante o tratamento e se divorciou do marido. A última cirurgia foi em 2014, quando ela precisou retirar o colo e o útero.
De acordo com o Ministério da Saúde, o câncer do colo do útero é causado pela infecção do Papilomavírus Humano (HPV). Somente em 2020, 16.590 casos foram registrado no Brasil, conforme os dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
‘Emoção sem igual’
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“Nesse sonho, minha avó já falecida me falava para ser forte, porque eu iria passar por momentos difíceis, mas que estaria sempre orando por mim e que era para o meu crescimento”, conta.
A partir de um incômodo, Adriane sentiu um caroço na mama esquerda e decidiu ir ao hospital buscar ajuda. Depois de fazer alguns exames, precisou esperar por 31 dias para o resultado. Quando soube do diagnóstico, não teve outra reação a não ser chorar.
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Pacientes com sequelas de câncer recebem atendimento de graça em laboratório de Sorocaba — Foto: Divulgação
Eu gritava e só pensava que ia morrer e deixar minhas filhas, marido, mãe. Começou a passar um filme na minha cabeça. Aquela noite não passou, a semana não passou. Me fechei em casa e só saía para exames e mais nada.”
Adriane passou por oito seções de quimioterapia, 30 seções de radioterapia e 17 cirurgias, sendo algumas necessárias para o tratamento e outras para a retirada das mamas e reconstrução.
Através do projeto da família Barcelli, ela teve acesso à reconstrução da mama e à micropigmentação das sobrancelhas.
“Foi uma emoção sem igual. Estava ansiosa para fechar esse ciclo na minha vida. São mulheres tristes, felizes e elas fazem de tudo para ser maravilhoso. Saímos de lá renovadas, felizes e nos sentindo mulheres.”
Segundo o Inca, o câncer de mama é o segundo tipo que mais acomete as mulheres no Brasil, representando cerca de 20,9% de todos os cânceres que as afetam.
Com informações G1 Campinas
Foto: Fernanda Barcelli/Arquivo pessoal


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