Restaurador de artes sacras de 83 anos morre após incêndio em casa paroquial de Campinas
Um restaurador de artes sacras de 83 anos morreu durante um incêndio em uma casa paroquial ao lado da igreja Bom Jesus do Bonfim, no bairro Bonfim, em Campinas (SP), na noite de segunda-feira (6). O imóvel havia sido cedido pela paróquia para o homem, que era austríaco e morava no local há pelo menos 20 anos. A residência ficou completamente destruída.
O incêndio começou por volta das 22h e rapidamente avançou por toda a casa. O Corpo de Bombeiros teve muita dificuldade para entrar no local, que estava trancado por todos os lados e fechado com grades. A corporação precisou arrombar o portão e, quando entrou no imóvel, encontrou o idoso em um dos cômodos.
O trabalho de combate às chamas e rescaldo durou toda a madrugada. Ainda de acordo com os bombeiros, havia materiais inflamáveis na casa paroquial, como livros, telas e tintas. A corporação não informou a causa do incêndio.
Um vizinho registrou imagens no momento que o fogo atingia o local e enviou à reportagem . “A gente sabe que aí morava um senhorzinho sozinho, ele andava de muletas, então tentamos abrir o portão, mas estava tudo fechado. Então não tinha muito o que fazer. Foi só esperar o bombeiro chegar”, disse João Barbosa.
‘Vai deixar saudades’
O corpo de Wladimir Rodionow Filho foi removido pela Setec durante a madrugada e ficou no aguardo da liberação no Instituto Médico Legal (IML). O fogo não atingiu a igreja e parte da Avenida Governador Pedro de Toledo, onde fica o imóvel, precisou ser interditada.
Rodionow Filho era bastante conhecido pela sua profissão e fez restauros tanto na igreja Bom Jesus do Bonfim, ao lado de onde morava, como na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, na praça Bento Quirino, no Centro de Campinas.
O restaurador também era muito querido pelos vizinhos. A instrumentadora cirúrgica Débora Pereira afirmou que sempre via o idoso regar o jardim no final da tarde. “Ele sempre dava um aceno com a mão. Era uma pessoa muito calma e muito e discreta”, disse.
Já o comerciante José Brotto construiu uma amizade com a vítima há 20 anos. “Um dia ajudei ele a limpar a calçada e desde então nos falávamos todos os dias. Ele vai deixar saudades sim”, contou.