Retomada da temporada de cruzeiros no Brasil pode movimentar R$ 1 bilhão; tripulantes vivem expectativa

Após o Ministério da Saúde autorizar a retomada da temporada de cruzeiros no Brasil a partir de 7 de março, tripulantes a bordo de embarcações fundeadas em Santos, no litoral de São Paulo, vivem a expectativa da volta às atividades, e especialistas avaliam o cenário como positivo para a economia da região e do país.
O economista Luciano Simões explica que a retomada das atividades tem alto potencial econômico, pois a dinâmica envolve não somente os tripulantes, como também as demais empresas e prestadores de serviços terceirizados. “Mesmo que a temporada tenha sido interrompida, podemos estimar que o potencial econômico da retomada chegue a, no mínimo R$ 1 bilhão, pois a temporada geralmente vai até abril”, analisa.
Layla entrou para a tripulação há poucos meses, e logo em seguida os navios tiveram que fazer a paralisação. “É muito doido, porque um dia tudo está bem, e no outro, de repente, tudo pode mudar. Foi bem complicado esse período de Covid-19, e para nós, voltar ao normal é uma verdadeira conquista. Isso mostra que conseguimos passar por mais esta etapa”, conclui.
Todos os navios de cruzeiros que operam nesta temporada na costa brasileira — MSC Seaside, Splendida e Preziosa, e também os navios Costa Diadema e Fascinosa — cumprem o período de suspensão na área de fundeio do Porto de Santos.
As exigências sanitárias para a atividade incluem passaporte vacinal, testagem de todos os passageiros e tripulantes antes de entrarem na embarcação, testagem de 10% das pessoas ao longo da viagem e uso constante de máscaras.
A Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros (Clia), em nota, disse que ainda não há definição sobre o assunto. A instituição havia determinado a suspensão voluntária das atividades até 4 de março.
Navio Costa Diadema no Porto de Santos, no litoral de São Paulo. — Foto: Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal/Arquivo
Suspensão
Conforme a Clia informou em janeiro, a suspensão “contrasta com a evolução positiva nos Estados Unidos, onde as autoridades de saúde reconhecem a eficácia dos protocolos da indústria de cruzeiros”.
A associação afirma, ainda, que está trabalhando em nome da MSC Cruzeiros e da Costa Cruzeiros para alinhar com as autoridades do Governo Federal, Anvisa, estados e municípios as interpretações e aplicações dos protocolos operacionais de saúde e segurança que haviam sido aprovados no início da atual temporada, no mês de novembro.
A Clia defende os protocolos sanitários já adotados pelos cruzeiros realizados, antes do embarque, durante e também no desembarque. Reitera, também, o impacto econômico causado pelo setor na costa brasileira, que tinha previsão de movimentar mais de 360 mil turistas.
Anvisa recomenda suspensão definitiva
Ainda em janeiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária recomendou ao Ministério da Saúde e à Casa Civil da Presidência da República a suspensão definitiva da temporada de cruzeiros no Brasil, como ação necessária à proteção da saúde da população.
Segundo a agência reguladora, o documento encaminhado ao Ministério da Saúde e à Casa Civil contém a apresentação do cenário epidemiológico de Covid-19 nas embarcações de cruzeiro que operam a temporada 2021-2022, incluindo as intercorrências, por embarcação, desde o início de suas operações em território nacional.
A Anvisa explica que os protocolos que definiu para a operação dos navios de cruzeiro no Brasil trouxeram dispositivos que permitiram acompanhar o cenário epidemiológico nas embarcações durante quase dois meses, e foram fundamentais para se identificar rapidamente a alteração no número de casos a bordo na penúltima semana epidemiológica de 2021.
Por Danielle Martins, g1 Santos
Foto: Matheus Tagé/Jornal A Tribuna/Arquivo