Polícia

Rio chega a 100 PMs mortos no ano; total desde 1995 supera soldados mortos na 2ª Guerra Mundial

do G1

O Rio de Janeiro chegou neste sábado (26) à marca de 100 PMs mortos só em 2017. O número indica que um policial é morto a cada 57 horas, ou pouco mais de dois dias. A média é a maior desde 2006, quando um policial foi assassinado a cada 53 horas.

A 100ª vítima foi morta neste sábado (26) na Baixada Fluminense. O sargento Fábio Cavalcante e Sá foi baleado próximo ao Largo do Guedes, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Ele, que trabalhava em Magé, chegou a ser socorrido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Nilo Peçanha, em Duque de Caxias, mas não resistiu a um tiro de fuzil na cabeça. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da corporação.

Segundo o coronel Fabio Cajueiro, da Comissão de Vitimização da Polícia Militar, a Polícia do Rio está lutando em uma “guerra inglória”. “Eu acredito que a população do Rio ainda não gosta de criminoso. E a gente tem outro problema: em qualquer lugar do mundo tem tráfico. Mas narcotráfico associado à arma de guerra e caçada a policial, a gente só vê aqui no Rio”, lamenta Cajueiro.

A Baixada Fluminense é a região com maior número de mortes. Foram 27 este ano, mais de um quarto do total. A maior parte das mortes ocorreu entre quinta-feira e domingo.

Em 2017, quase 60% desses PMs morreram durante suas folgas: 58. Até o dia 25, já haviam morrido em serviço 22 policiais, mais do que em todo o ano de 2015, quando morreram 18.

 

3 mil PMs mortos em 22 anos

Em média, um policial morreu a cada 64 horas no Rio desde 1995, somando 3.087 vítimas durante este período. Essa é a conclusão feita a partir de estatísticas da Polícia Militar. A taxa de mortalidade entre 1995 e 2016, segundo a PM, é maior do que a de soldados americanos na Segunda Guerra Mundial.

Nos últimos 22 anos, 3,52% dos 90 mil integrantes do efetivo da PM do Rio morreram. Durante os três anos e meio da participação americana na guerra, 405 mil soldados americanos morreram, o equivalente a 2,52% da tropa, composta por mais de 16 milhões de soldados.

Em 2017, a PM realizou uma mudança metodológica nos próprios dados: além de contar os policiais mortos em serviço e os que estavam de folga, a corporação passou a contabilizar também as mortes dos PMs reformados. Anteriormente, apenas as mortes causadas por perfurações de armas de fogo eram contabilizadas. Desde 2017, qualquer tipo de morte violenta também passou a entrar na estatística.

É nas folgas que os policiais são mais vítimas de mortes violentas. Das 3.087 mortes ocorridas desde 1995, 2.465 ocorreram durante a folga dos agentes, ou seja, 80% dos casos. No período, o número de policiais mortos em serviço foi de 598.

Se o problema já é antigo, o aumento entre 2015 e 2016 chama a atenção. Em 2015 foram 91 mortes, entre mortos em serviço e de folga. Já em 2016, o número chegou a 146, ou 60% mais que no ano anterior.

Foto: arquivo/divulgação