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Secretária de Saúde garante que não há surto de meningite em Indaiatuba

HUGO ANTONELI JUNIOR

A secretária de Saúde de Indaiatuba (SP), Graziela Garcia, garantiu que não há um surto de meningite na cidade. Em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (6) no Hospital Augusto de Oliveira Camargo (Haoc) juntamente com representantes da Vigilância Epidemiológica e do hospital.

Foram confirmados 23 casos de meningite na cidade neste ano. 20 foram tratados e curados. Três evoluíram para a morte. Um caso, o que seria o 24º ao todo e a quarta morte ainda está sob investigação e aguarda novos exames. A confirmação do terceiro caso veio através de um exame que saiu na quarta (5), de acordo com Graziela.

Apesar dos casos confirmados, não há a necessidade de isolamento ou de correria da população para tomar vacinas. “Os casos de meningite na cidade estão dentro da média dos últimos anos. Infelizmente as mortes acontecem. Em todo o Estado de São Paulo neste ano foram quase 50 mortes e mais de 700 casos. Neste período mais frio, o inverno, é algo que acontece todos os anos”, afirma. 

meningite em Indaiatuba
ano casos mortes
2017 51 2
2018 43 3
2019 até agora 23 3

Escola Esmeralda

A unidade escolar no Jardim Morada do Sol de onde eram duas das três vítimas recebeu profissionais da saúde e da vigilância nesta semana. De acordo com a diretora do setor, Rita de Cássia, eles se reuniram com os pais das crianças da sala em que as vítimas estudavam e deram todas as orientações quanto a cuidados e sintomas. Não houve a necessidade de suspensão de aulas, por exemplo. Houve um reunião, ainda segundo informou, nesta semana com 58 representantes de creches municipais.

Graziela, porém, reforçou o alerta. “As mães me perguntaram se era seguro levar o filho na creche. Eu disse que se a criança estiver bem de saúde, sim. Agora, se estiver um pouco gripada, com febre, apresentando um quadro do tipo e, se puder, que deixe a criança em casa, porque é neste período de sintomas que há o contágio. É bom que a criança seja levada na unidade de saúde e não no pronto socorro, porque o pronto socorro é um lugar muito propício ao contágio destas bactérias e neste período do ano aumentam os atendimentos e as pessoas que circulam nestes locais.”

O diretor do Haoc, Marco Antonio Barroca, confirmou os dados. “Neste frio estamos atendendo cerca de 120 casos de gripe diariamente. Estas bactérias todos nós estamos sujeitos. Normalmente a meningite é secundária e os casos evoluem bem, mas nestes casos foi totalmente atípico.”

Vítimas

A primeira morte por meningite em Indaiatuba em 2019 foi de um adolescente de 17 anos no início do ano. “Nós não conseguimos identificar que este adolescente havia sido vacinado, a família não nos confirmar. Sabemos que ele passou por várias cidades naquele momento. O vírus identificado nele é o considerado o mais grave e as pessoas que tiveram contato foram devidamente medicadas”, afirma a secretária. “O bloqueio nas pessoas que tiveram contato não é vacina, é com antibiótico.”

O segundo caso foi de um bebê de oito meses, em março. “A família de bolivianos havia chegado na cidade há pouco tempo e começamos e completamos as vacinas nele. Quando ele morreu, estava com o quadro vacinal completo”, afirma Graziela. “O terceiro caso foi de um bebê de um ano e dois meses da escola Esmeralda que a confirmação chegou ontem. Também tinha a vacinação em dia, mas ainda aguardamos para saber se é a viral ou a bacteriana, mas tudo aponta para que os casos sejam isolados e não tenham ligação entre si.”

A quarta morte que ainda não foi confirmada aconteceu em março, segundo informou. O médico do Haoc comentou o caso. “Totalmente atípico. Teve febre na segunda, terça e quarta apresentou irritabilidade. Veio até o hospital, fizemos o rastreamento e iniciamos o tratamento. Os testes são sugestivos para meningite vital, mas é preciso esperar os exames para confirmar. É difícil você apontar se houve erro no atendimento porque você não sabe o exato momento em que o quadro se torna uma meningite.”

CPI

Perguntada sobre a possibilidade de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara de vereadores sobre a saúde a secretária de saúde foi enfática. “Nós tivemos a conferência municipal de saúde há dois meses, a audiência pública de saúde na Câmara expondo todos os indicadores e os dados são públicos. Isso é lei. Nós temos que fazer isso seguindo uma normativa. As pessoas que pediram a CPI precisam participar do que o próprio governo põe como legislação. Isso acontece periodicamente. Eu me coloquei à disposição, assim como a diretoria do Haoc. Temos ido à Câmara toda segunda há três semanas e as pessoas que pedem a CPI não foram na última segunda. Os dados estão disponíveis, são públicos.”

foto: Hugo Antoneli Junior/Comando Notícia