Dona Maria*, de 60 anos, moradora do Parque Campo Bonito, em Indaiatuba (SP), está muito preocupada. Diagnosticada com DPOC, uma doença pulmonar, ela precisa de remédios de alto custo para o tratamento. O problema é que para que o cadastro seja renovado, ela precisa de um laudo médico. Ela foi atrás do especialista em uma unidade de saúde no Jardim Morada do Sol duas vezes, mas não conseguiu.
Se o laudo não for renovado, ela precisará pagar pelo remédio que tem direito e que pegava gratuitamente. Pelo descaso com o tratamento na saúde, a família entrou com uma reclamação na ouvidoria da Secretaria Municipal de Saúde no dia 10 de janeiro, mas até o momento, duas semanas depois, não houve retorno. A Prefeitura foi procurada para dar explicações, mas não retornou ao Comando Notícia.
“Tive que ir atrás da imprensa e de outras autoridades, porque nunca resolvem. Não é a primeira vez que isso acontece e se nós não reclamamos ela fica sem o atendimento adequado, que não é nenhum favor, é o direito dela”, desabafa um familiar. Apenas um dos remédios que ela precisa usar custa R$ 120, sem contar os outros.
O Comando Notícia teve acesso à reclamação enviada à Prefeitura pelo filho da paciente. “Ela foi até o médico que a acompanha, que fica na UBS IV, para que ele assine a documentação para a renovação dos papéis para a farmácia de alto custo. Infelizmente os atendentes fizeram descaso com a situação dela. Acompanhei um estagiário da Fiec que a tratou de forma mal educada. Estes estagiários são preparados para atender ao público?”, questiona. “Ele acompanhou minha mãe até o banheiro. Foi seguindo ela. Espero que não seja um caso de racismo, pois a minha mãe é negra.”
A paciente desabafa. “Quando isso era feito no Hospital Dia, com outra médica, as coisas funcionavam melhor. Nestes mesmos dias que fui no postinho tinha mais gente esperando encaixe, mais gente idosa. É um descaso total com a população. A atendente falou que eu ia precisar esperar três meses. Eu falei para ela: “como esperar três meses?”. Eles sabem o procedimento, mas são mal treinados. Enquanto isso eu perdi o meu direito ao remédio de alto custo”, diz.
*Maria é um nome fictício para proteger a identidade da paciente e preservar a família.
foto: arquivo pessoal