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Sindicato ameaça paralisar o transporte se repasse da Prefeitura não for aprovado na Câmara

por HUGO ANTONELI JUNIOR

A greve dos motoristas de ônibus terminou no final da manhã desta quarta-feira (15), mas os coletivos podem ser recolhidos ao pátio da Sou Indaiatuba, da Sancetur, caso o projeto de repasse da Prefeitura à empresa não seja aprovado na Câmara na próxima sessão, marcada para segunda-feira, dia 20.

Essa é a ameaça de representantes do Sindicato dos Rodoviários de Campinas e Região em um vídeo que passou a circular nas redes sociais no começo da tarde. O sindicalista Cristiano Santos citou nominalmente os vereadores Alexandre Peres e Ricardo França, da oposição, acusando que ambos teriam “votado contra os trabalhadores”. O projeto de repasse de até R$ 530 mil por mês à empresa, porém, sequer foi votado.

Na segunda-feira (13), durante votação do texto, o líder do governo entre os vereadores, Cebolinha (MDB), pediu vistas de dois dias, adiando automaticamente a votação. Para que o texto seja aprovado, basta que 6 dos 11 vereadores votantes (o presidente não vota), aprovem. A Prefeitura detém o apoio de pelo menos 10 dos 12 vereadores. Os vereadores Peres e França votaram contra o regime de urgência do texto, ou seja, para que o texto passasse à frente dos que estavam na fila para votação. Os outros 9 vereadores votantes aprovaram o regime de urgência.

Os vereadores Peres e França foram procurados e disseram que vão retornar à reportagem ainda hoje. Quando o fizerem, os posicionamentos serão publicados no site.

O sindicalista não respondeu às nossas mensagens até o momento.

Ameaças

No vídeo, o sindicalista se dirigiu primeiramente à população. “Nós, do sindicato, estamos aqui na empresa em Indaiatuba há dois dias. Pedimos desculpas pelos transtornos. Estamos defendendo uma causa justa, o emprego desses guerreiros que abrem e fecham a porta da cidade. Não deveríamos estar aqui se não fosse pela incompetência de dois vereadores. Dois vereadores que não votaram a favor desses trabalhadores. Um é o tal de Alexandre e o outro é o tal do França, que se omitiram e viraram as costas para estes trabalhadores”, afirmou.

“No meio dessa crise eles ficam agindo com essa politicagem suja. Um recado para o poder público, para a Prefeitura, empresa e para estes vereadores, em nome da população eles vão voltar a trabalhar. Se na segunda-feira os senhores não apoiarem e não derem o voto de confiança para manter o emprego, a gente vai parar na terça-feira. Está dado o nosso recado. Se não derem o mínimo para esses trabalhadores, na terça a gente para o sistema de novo”, encerra.

Impasse no subsídio

Os vereadores que representam a Prefeitura pediram dois dias para analisar o texto de repasse da Prefeitura à Sou Indaiatuba, protocolado na Câmara na segunda-feira (13). O projeto foi enviado em regime de urgência para ser votado – ou seja, para que ele passe na frente dos outros projetos que estão na ordem.

A emergência foi analisada e aprovada por 9 dos 12 vereadores. Alexandre Peres e Ricardo França votaram contra o projeto ser urgente, pedindo mais tempo para analisar. O restante dos vereadores foi favorável. O presidente não vota. Depois, na hora de votar, o líder do governo, Cebolinha, pediu vistas de dois dias. Ou seja, poderá haver uma sessão extraordinária para votar o texto ainda nesta semana. Ou os vereadores podem analisar o projeto até a sessão online da semana que vem. O projeto, portanto, AINDA NÃO FOI VOTADO.

Segundo a proposta esses repasses mensais durarão “enquanto durar o estado de emergência de saúde pública”, uma alteração em relação ao texto que rodou as redes sociais nos últimos dias. Antes o prazo seria de 90 dias, ou seja, três meses. Agora não há prazo. A lei passaria a valer desde o dia 1º de abril. O repasse à empresa por passageiro que era ofertado mensalmente, caso seja aprovado o texto, seria suspenso.

A Prefeitura justifica dizendo que “torna-se insustentável a manutenção pela concessionária, ainda que mínima, de linhas e horários sem a devida contraprestação da tarifa paga pelos usuários (…) a elevação da tarifa pública seria um ônus demasiado a quem, justamente, neste período de crise, depende do transporte coletivo”. Segundo o documento assinado pelo prefeito, “a concessionária, em colaboração com a Administração Municipal, vem envidando esforços para a manutenção dos serviços ainda que com severo desequilíbrio contratual.”

foto: Hugo Antoneli Junior/Comando Notícia