Dor aguda ou sensação de choque elétrico nos dentes ao comer ou beber algo frio, incomodo ao respirar pela boca ou ao consumir certos tipos de alimentos, principalmente cítricos ou açucarados, além de desconforto na escovação com água fria.
Esses podem ser indícios de problemas bucais, a exemplo de cáries, ou simplesmente a sensibilidade dentária típica do inverno. Isso porque o frio age diretamente no esmalte, seguido da dentina, até atingir a polpa dental, uma área cheia de terminações nervosas.
A Sociedade Brasileira de Endodontia reforça que, se a sensibilidade não for momentânea e durar mais de 30 segundos, é necessário buscar atendimento odontológico com urgência.
Mas como diferenciar? O cirurgião-dentista do Ateliê Oral, Marcelo Kyrillos, explica como identificar os sinais de sensibilidade comuns da Estação do ano. No entanto, ele frisa que ter conhecimento das diferenças não descarta a busca por atendimento odontológico, mas pode ser útil para aliviar momentaneamente os sintomas.
Sinusite como fator de sensibilidade
Kyrillos conta que dores por cáries ou por demais problemas bucais geralmente se manifestam após algum estímulo direto sobre o dente afetado, a exemplo da mastigação direta, ou quando há um aumento de pressão sanguínea na cabeça e no pescoço – aquele tipo de dor pulsante. Alteração na cor dos dentes também é um sinal de doença ou trauma bucal.
Já no caso da sensibilidade, o local exato não é facilmente identificável. Trata-se de uma resposta natural dos dentes, sem que haja nenhuma alteração patológica.
Muito comum quando cai a temperatura, a sinusite é uma das causadoras da sensibilidade, principalmente dos dentes superiores. Por serem ligadas ao seio maxilar, as raízes dos dentes molares e pré-molares são impactadas quando ela se manifesta. “O incômodo é bem semelhante ao da dor de dente”, conta o especialista. No entanto, ele adverte: “a dor deve ser passageira. Assim que a crise passar, ela deve ir embora junto”.
Quem é mais suscetível ao frio
Há bocas mais sensíveis ao frio. As mais vulneráveis são aquelas que apresentam um grau de erosão dentária, de bruxismo ou de retração gengival, para citar alguns exemplos.
O especialista explica que a sensibilidade dentária ocorre quando a camada de proteção natural dos dentes é comprometida. “O dente é composto de três camadas principais: o esmalte, a dentina e a polpa dental. O esmalte é a camada externa dura que protege a dentina, que é mais macia e contém pequenos túbulos ou canais microscópicos que se conectam à polpa dental, onde estão os nervos e vasos sanguíneos do dente. Quando o esmalte se desgasta devido a fatores como a erosão dentária (uma abrasão por escovação excessiva, pelo consumo de alimentos ácidos, entre outros causadores, a dentina fica exposta. De maneira similar acontece com o bruxismo, no qual o ranger dos dentes também desgasta esse esmalte. No caso da retração gengival, se a gengiva retrai, ela expõe a raiz do dente e a dentina que está logo abaixo dela”, esclarece.
“A exposição da dentina permite que estímulos externos, como calor, frio, doces ou até mesmo o toque, atinjam os nervos do dente através dos túbulos dentinários. Isso resulta na dor aguda característica da sensibilidade dentária”, completa.
Portanto, segundo ele, a proteção da camada de esmalte e a manutenção da saúde gengival são essenciais para prevenir a sensibilidade. Práticas de higiene oral adequadas, como escovação com uma técnica suave e o uso de cremes dentais específicos para dentes sensíveis, podem ajudar a fortalecer e proteger essas camadas.
Como se proteger até o frio passar
Segundo Kyrillos, há medidas a tomar, desde as mais simples até as mais avançadas. A primeira é trocar o creme dental para aqueles dedicados aos dentes mais sensíveis, dando preferência àqueles que contenham Fluoreto de Amina e Nitrato de Potássio na fórmula para ajudar a fortalecer o esmalte. “Esses cremes preenchem os túbulos dentinários ou bloqueiam a ação do nervo exposto. O mesmo para o enxaguante bucal, que também deve ser desenvolvido para dentes sensíveis com Flúor e Cálcio na composição”, destaca. Já a escovação deve ser aplicada com menos força e com escovas mais macias. Outra dica, é evitar alimentos ácidos, como laranja, limão, vinho, que são erosivos.
Tratamento como a Fluorterapia e a Laserterapia são opções para casos mais complexos, além do ‘selante’, normalmente de verniz fluoretado, que forma uma camada protetora sobre o dente sensível. Já uma proteção dentária para evitar a exposição ao ar, como um protetor bucal noturno, pode ser uma alternativa para quem sofre demasiadamente com as baixas temperaturas, porém, sinaliza o especialista, precisa ser indicada pelo ortodontista para evitar prejuízos à arcada dentária e ao alinhamento dos dentes.
“Os dentes reagem ao nosso dia a dia. Entendê-los vai muito além de preservá-los. Conhecer o que se passa dentro da boca, é prevenir enfermidades e indisposições. Uma sensibilidade inofensiva pode virar uma dor aguda de dente, de cabeça, de pescoço ou na cervical, para citar alguns exemplos, e nos afetar de forma significativa. Verificar os sinais de alerta, é crucial”, completa.
Com informações: Paula Pereira
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