Cidades

Tem hora certa para contar a verdade sobre o coelho da Páscoa? Psicóloga explica

HUGO ANTONELI JUNIOR/NÚBIA ISTELA

INDAIATUBA – Época de Páscoa tem mais coelho solto por aí do que em criação comercial. É coelho na televisão, panfletos, internet e principalmente no imaginário coletivo em tempos de mescla religiosa e interesses doces, mas leia-se, comerciais. E os pais ficam no meio cruzado entre os coelhos – que não botam, mas são como galinhas de ovos de ouro -, e os filhos pequenos que querem os produtos, principalmente os brinquedos.

O Comando Notícia conversou, então, com a psicóloga e psicoterapeuta Renata Fittipaldi, especialista em atendimento infantil e familiar, para saber qual é a hora certa para contar a verdade para os filhos as verdades sobre o coelhinho da Páscoa. “Não tem uma hora certa”, diz. “Até os dois anos de idade, as crianças vivem no lúdico. É até legal que se incentive a fantasia porque eles aprendem através disto.”

“Depois dos quatro anos, ficam mais espertinhos, começam a entender. Aí descobrem que os pais não tem poderes mágicos, não sabem onde eles estão, o que estão pensando. ‘Opa, se o meu pai não sabe, como o coelhinho sabe?’, podem pensar. A hora certa é a criança que vai determinar. Conforme forem surgindo as dúvidas, conte a verdade.”

Foi o que aconteceu com Danielle Graciano de Souza, 27 anos. Ela contou ao Comando Notícia que falou a verdade sobre a existência do coelhinho para filha Helô quando aos quatro anos. “Ela é muito esperta, nem ficou espantada. Na época expliquei para ela que quem comprava os ovos era o pai. Contei tudo sobre a bíblia para ela o que significa a Páscoa”, revela. Mesmo assim a operadora de caixa afirma que todos os anos não deixa de presentear a filha hoje aos nove anos com os famosos ovos de Páscoa.

“Tem crianças que acreditam até os oito anos”, afirma a psicóloga Renata. “Tudo depende do meio em que ela vive. Mas a própria convivência com as outras crianças vai acabar acelerando isso. ‘Você ainda acredita em coelhinho’, os coleguinhas podem dizer”, analisa. Mas os pais podem resolver contar a verdade desde que eles são bem pequenos.

Foi o que fez o servidor público Thiago da Silva Bicalho, de 33 anos. Ele diz que se a filha sabe do coelhinho foi porque ouviu em algum lugar. “Nunca falamos sobre coelhinho para a Rebeca,. Não nutrimos nela a história do coelho de Páscoa, nessas épocas não tem coelhinho em casa”, brinca.

“Pode parecer crueldade, mas às vezes é mais difícil lidar com o desejo dos pais do que com o das crianças”, afirma Renata. “Mas o ideal é sempre contar a verdade. ‘Olha, custa dinheiro e o meu dinheiro tá tanto. Isso aqui não dá’. Tem que ser honesto, mandar a real. O papel da mídia é comercializar e o papel dos pais é comprar o que puder, mas nunca minta, é este o conselho que dou para os pais.”

A psicóloga também afirma que soluções caseiras ajudam muito. “Para quem é cristão, por exemplo, o chocolate, o coelho, essas coisas, não tem nada a ver. Não precisa ser chocolate, nem ovo, nem coelho, coitado do bicho. É melhor que haja o estímulo, fazer em casa algo com o seu filho do que ir lá, comprar um ovo caríssimo apenas para ostentar.”

Sem título

foto: divulgação