Política

“Tem muita vaidade aqui dentro”, presidente da Câmara de Salto analisa 2017

HUGO ANTONELI JUNIOR

SALTO – É a segunda vez que Luiz Carlos Batista, o Luizão (PP), de 64 anos, preside a Câmara de vereadores, mas muita coisa mudou entre a gestão atual e a de 10 anos atrás. O líder do Legislativo saltense concedeu uma entrevista exclusiva ao Comando Notícia e falou sobre os acontecimentos políticos neste ano, reclamando dos pares. “A diferença é astronômica. Hoje está muito difícil. É muita vaidade dos pares, muito ego”, analisa.

Outra crítica é com relação a alguns eventos que os vereadores participaram, mas não tiveram direito à palavra. “Fomos em quase todos os eventos na medida do possível. Mas em alguns passo vergonha. O Legislativo tem direito à palavra. Em alguns eventos não foi nem citado que a gente estava lá. Não é o Luiz que é desrespeitado, é a Câmara. Porque se me dá a palavra, dá para os 17, se não dá para mim, tira o poder dos 17”, afirma.

Em relação ao trabalho neste ano, Luiz fez um balanço positivo. “Para mim, o trabalho foi a altura. Sou dedicado para esta casa dar certo e entre os projetos não devo nada, dentro do possível está aprovado. O que falta votar é no dia 27 [a entrevista foi feita anteriormente à data], que é a reestruturação interna do Saae e a municipalização da escola nos primeiros dias de 2018”, diz.

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Oposição e investigações

O presidente da Câmara afirma que não é “nem oposição, nem situação”. “Oposição deve ter, mas não pode ser oposição burra. O que é bom para o município tem que aprovar. Sobre a Cei [Comissão de Investigação], achei que foi de bom grado. Tinha que ter. O contrato que o município tinha era altíssimo. Para começar, não é possível pagar mais de limpeza do que a saúde. O lixo precisa, mas não pode ser a galinha dos ovos de ouro.”

Diversos vereadores também foram ao Ministério Público (MP) apresentar denúncias contra a Prefeitura de Salto. “Acho viável e saudável. Quem se sentir lesado pode procurar mesmo o órgão. Só não achei legal aquele ato do prefeito em tentar cassar o meu mandato. Isso chateia bastante. Acho que não posso perder o mandato porque aceitei uma denúncia. Discordo disto. Ainda bem que não foi avante”, reclama.

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“A gente devolveu R$ 1,3 milhão à Prefeitura neste ano. Muitos vereadores questionaram e falaram para não devolver. Mas se sobrar, vou devolver. Não penso em mudar o orçamento e aumentar o que a Câmara recebe. Enquanto eu for presidente isso não vai acontecer. Outra coisa que me orgulho muito é não ter atrasos nos pagamentos da Câmara e nem vai ter.”

 

Libras e frequência na Câmara

A Câmara de vereadores de Salto tem transmissão em vídeo e, de acordo com a assessoria, são cerca de 70 visualizações no site. Público no plenário não é algo comum. “Se tiver é um ou outro. Mas o que eu fiquei muito feliz e orgulhoso foi colocar o intérprete de libras. A lei que obriga a ter é minha e foi feita em 2016. Melhoramos a transmissão também. Demorava muito tempo para cortar a imagem de um vereador para outro e hoje é feito de forma muito mais rápida. E a transmissão é feita aqui mesmo.”

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Projetos e chapéus 

Ao todo, de acordo com Luiz, são 86 projetos apresentados, 66 aprovados e mais três para votar antes de 10 de janeiro. “Este ano foi difícil. O ano que vem é difícil prever agora, dependerá do momento. Quando forem enviado projetos, a gente analisa. O que a gente queria era trocar o prédio da Câmara com o da biblioteca. O sonho era construir um prédio novo que comportasse a Prefeitura, Câmara e Fórum, mas atualmente não tem dinheiro para isso não. O orlamento atual é apenas para ir vivendo. Daqui uns anos quem sabe.”

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Luizão, como é conhecido, gosta de usar chapéu. Conta que tem 35. “Um para cada cor. Gosto de chapéu porque fui peão de rodeio no começo da vida. Gosto de botina. Tenho um berrante, sei tocar. Cada momento me traz um chapéu”, revela.

“Ganho muitos [chapéus] e compro também. Cada um tem a sua mania. Sou perfeccionista. Decidi nunca beber e nunca fumar. Digo que até ontem nunca bebi nada de álcool, hoje não pretendo e amanhã a Deus pertence, espero que ele me dê sabedoria”, conta. “A Câmara funciona 24 horas por dia. Fecha às 18 horas, mas eu tenho a chave”, brinca, encerrando.

Fotos: Hugo Antoneli Junior/Comando Notícia