Verba da Prefeitura para empresa de transporte é alvo de ação no Ministério Público
A empresa Sou Indaiatuba, da Sancetur, aderiu ao programa de diminuição dos salários dos motoristas, apurou o Comando Notícia com pelo menos três funcionários diferentes. Segundo a medida provisória 936/20, a empresa pagaria uma parte dos salários e o Governo Federal a outra parte. Em troca, a empresa daria estabilidade aos funcionários. O benefício teria, segundo os motoristas, a validade de três meses, portanto, abril, maio e junho. A estabilidade é de igual período, três meses, ou seja, até setembro deste ano.
Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários de Campinas e Região, Izael Soares, isso prova que é mentira que a empresa não pagaria ou que ia mandar os funcionários embora. “Só reforça que o movimento de greve não foi legal. Não teve aviso 72 horas antes, não teve 30% de frota rodando por ser essencial e também a Prefeitura não fez nenhuma ação judicial em 30 horas e deixou as pessoas sem ônibus”, relata.
Tudo isso está em uma denúncia feita pelo sindicalista ao Ministério Público de Indaiatuba na quinta-feira (16). O documento que o Comando Notícia teve acesso, informa que por causa da adesão ao programa do Governo Federal, os custos da empresa com salários teriam caído de R$ 390 mil por mês para R$ 145 mil por mês. O subsídio proposto pela Prefeitura é de R$ 530 mil por mês. No documento, o sindicalista ainda questiona a diferença entre os valores, que é de R$ 380 mil.
“Se o subsídio fosse para pagar os salários dos motoristas, os três meses daria R$ 455 mil, muito menos do que o R$ 1,5 milhão que pode-se pagar se isso durar três meses”, diz. “Queremos garantir que esse dinheiro seja usado para o usuário, para o trabalhador e não para embolsarem”, afirma. “Além da queda nos salários, os custos operacionais também caíram. Só tem 17 ônibus rodando”, informa.
No documento ao MP, o sindicalista ainda “requer-se que se dignem Vossas Excelências a tomar todas as medidas possíveis para evitar mais esse golpe contra os contribuintes de Indaiatuba, posto que é desproporcional e indevido o “subsídio” proposto, repassando indevidamente mais recursos para essa mesma empresa Sou Indaiatuba, particularmente em ano eleitoral.”
No documento ele ainda pede “que haja EFETIVA FISCALIZAÇÃO DA APLICAÇÃO DESSES RECURSOS, vez em que a justificativa é de que tais recursos serão usados para pagar folha de pagamentos e benefícios dos trabalhadores, para que não haja desvio nestes valores e enriquecimento indevido da empresa em detrimento da população em geral, utilizando-se, covardemente, o surto de pandemia para utilizarem-se de recursos públicos desviados indevidamente.”
A votação do subsídio deve acontecer na Câmara na quarta-feira, dia 22.
Prefeitura, Câmara e Sou Indaiatuba ainda não se manifestaram publicamente sobre o assunto.
foto: Hugo Antoneli Junior/Comando Notícia