HUGO ANTONELI JUNIOR
INDAIATUBA – Foi tensa, com gritaria e discussão a terceira sessão da Câmara de vereadores do ano na noite de segunda-feira (6). Sindicalistas e funcionários da Companhia de Transporte de Indaiatuba (Citi), da Rápido Sumaré, tentaram se manifestar – o que é proibido por regimento interno, mas contaram com apoio externo de sindicalistas de Mogi das Cruzes e São Paulo.
Ao todo foram apresentadas quase 50 indicações, uma moção e votados 12 projetos de lei, quatro deles enviados pela Prefeitura. Tudo foi aprovado por unanimidade.
“Eles não querem conversar. Como você conversa com 200 pessoas de uma vez?”, Pepo
A sessão começou às 18 horas e menos de 15 minutos depois começaram as intervenções no plenário. Inicialmente, o presidente da casa, Hélio Ribeiro (PSB), tentou intervir e pediu para que os manifestantes permitissem que a sessão continuasse, mas sem sucesso. A partir daí foram altos e baixos ao longo de cerca de 40 minutos até o final da votação.
“Não adianta falar nada agora, é só jogar lenha na fogueira”, Alexandre Peres
Dos doze vereadores, dez estavam à mesa para discutir uma solução para o impasse em determinado (conforme a foto abaixo), exceto os vereadores Edvaldo Bertipaglia (PSB) e Figura (PP), todos foram conversar com o presidente. O líder do governo, Cebolinha (MDB) tentou conversar com os manifestantes, assim como Pepo (MDB) e Januba (DEM), mas também não obtiveram sucesso.
“Espero vocês aqui na quarta-feira, às 16 horas. Formem uma comissão”, Hélio Ribeiro
Foi aí que o presidente da Câmara resolveu continuar a sessão, mesmo com as intervenções dos sindicalistas, que tornavam tudo o que era dito, inaudível. Mesmo assim, prosseguiu a sessão. Durante a leitura, os manifestantes chegaram a cantar o hino nacional e virar de costas para a mesa. No final, aluns vereadores tentaram conversar, mas também sem sucesso.
“Queremos CPI do Transporte Público”, gritou manifestante
Os manifestantes ainda realizaram uma passeata por ruas no Centro e quase houve uma confusão perto da rodoviária. Depois, o ônibus que os levaria de volta para São Paulo foi apreendido pela Guarda Civil.
Reivindicações
Os manifestantes pedem para que a Câmara investigue o contrato emergencial e a operação da Sou Indaiatuba, da Santa Cecília Turismo (Sancetur). Além disso, dizem que a nova empresa roda sem cobradores, o que é proibido por uma lei municipal de 2002.
O impasse na Justiça permanece até uma decisão definitiva. A última decisão que colocou a Sou no transporte foi no sábado de Carnaval e derrubou uma liminar concedida um dia antes. Agora as empresas e a Prefeitura aguardam uma nova decisão que ainda não tem previsão para acontecer.
Curtas
Intervenção popular
A Câmara não tinha “problemas externos” desde os protestos de julho de 2013. Na ocasião, manifestantes invadiram e dormiram no local. Nos outros períodos, apesar de polêmicas, a tranquilidade reinou.
Nervosismo
A maioria dos vereadores, principalmente o presidente da Câmara e o líder do governo, demonstraram muito nervosismo durante as intervenções dos sindicalistas. Dos que tentaram diálogo para tentar continuar a sessão além deles, Januba, Pepo e Ricardo França.
Transmissão ao vivo
Ainda em fase de testes, as transmissões ao vivo via Facebook da Câmara ficaram normais até o início das discussões. Algum acalorado desplugou o fio quando passou do lado do celular, o som sumiu e a transmissão foi parada, sem voltar mais.
Som oficial
Nos momentos mais acalorados, o som que saía era da fala dos vereadores. Para quem estava no plenário, estava inaudível, mas aos “telespecternautas” corria tudo normalmente, sem bate-boca, com o som do microfone do presidente da Câmara.
Mãos caladas
Se estava inaudível e impraticável continuar a sessão, o intérprete de libras da casa, André Luiz Salvador, ficou sem função durante a maioria do tempo, já que a “tradução” para libras deve ser feito apenas das falas dos vereadores.
foto: Hugo Antoneli Junior/Comando Notícia