Mais do que informações genéticas misturadas, espermatozoides e óvulos levam no momento da fecundação – e posterior geração de um novo ser -, as peculiaridades e características relativas ao estilo de vida dos pais, o que pode ser determinante no desenvolvimento e nas condições de saúdes dos filhos.
Ciente dessa realidade, doutorandos do Laboratório de Morfologia da Biologia Experimental e Humana da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) desenvolvem uma pesquisa pioneira no Brasil para detectar a importância da prática de atividade física de mães no processo de geração de filhos saudáveis, mesmo que os pais tenham uma vida sedentária, sejam obesos ou portadores de doenças como a diabete.
Ainda em fase embrionária, os primeiros resultados da pesquisa desenvolvida pela UERJ indicam que mães com rotina de exercícios físicos ao longo da vida – antes de engravidar e durante a gestação – poderiam desprogramar a herança da obesidade paterna nos filhos.
Usando camundongos como parâmetro para o levantamento, os pesquisadores constataram que os filhos de mães que praticavam atividade física nasceram com peso mais baixo, se comparado com as crias de famílias com pais e mães sedentários.
Preliminarmente, também se constatou que a prática regular de exercícios se mostrou eficaz no aumento da temperatura corporal dos filhotes.
“O trabalho é uma novidade por mensurar a influência da atividade física das mulheres que se exercitam antes e durante a gravidez e que geraram filhos mais magros, independentemente do grau de sedentarismo do país. É claro que os dados são preliminares e são necessários estudos mais amplo a respeito”, admitiu à Agência Brasil a pesquisadora da Uerj Renata Tarevnic.
Segundo ela, “é fato que os filhos de mães treinadas com pais obesos nasceram com peso menor do que das mães não treinada também com pais obesos. Ou seja, houve um efeito aparentemente benéfico do exercício que ela fez antes de engravidar, e que permaneceu fazendo durante o período de gravidez, nos filhos nascidos com menos peso. Então, a princípio, a atividade física consegue sim desprogramar a obesidade genética proveniente do pai [obeso] para dos seus filhotes”.
Renata destacou o fato de que, até então, o que se sabia era que a maior parte da epigenética dos filhos era herdada da mãe. “Daí as recomendações comuns nessas circunstâncias: não coma por dois e pratique atividade física. Mas são recomendações que não tinham embasamento cientificamente comprovado”, acrescentou.
“O que queremos com a pesquisa é justamente provar que a mãe pode, de fato, ao praticar atividade física, anular a carga genética negativa decorrente do sedentarismo dos país”, afirmou a pesquisadora.