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Você estuda?

CAROL BORSATO*

Sim, eu estudo, todo deficiente visual estuda pois não queremos minimizar as chances de subir na vida, e ainda mais que para cegos, as chances são poucas. Como você estuda? Bom, sendo uma pessoa com baixa visão, ela escreve e lê em tinta, só que com o tamanho das letras ampliado e ainda usam recursos para melhorar, como a lupa, lupa eletrônica, telelupa, uma mesinha de apoio para que a pessoa não fique debruçada sobre livros e cadernos.

Já os deficientes visuais com cegueira total, utilizam-se do sistema de leitura e escrita tátil, o braille. O sistema braille é composto de 6 pontos, expostos em duas colunas e cada uma tem 3 pontos, de onde nascem letras, números, pontuações e muito mais. Os instrumentos para a escrita do braille são: Reglete, punção e tem a máquina. A máquina por ser mais cara, é adquirida por poucas pessoas. A punção é a caneta e o lápis, ela precisa estar sempre bem amolada, não demais, nem de menos, senão os pontos ficam ruins.

A folha para a escrita em braille não pode ser fina, senão os pontos ficam rasgados, o ideal é uma sulfite de espessura 40, ela deixa os pontos ótimos! Seu preço é um pouco mais caro, eu as comprava no tempo de escola para fazer meus cadernos.

Se não tiver livros em braille, e nenhuma sala de recursos para fazer as apostilas e ajudar com a transcrição dos cadernos em braille para tinta, aí fica bastante complicado, pois a criança precisa ensinar a leitura e escrita braille para seus responsáveis transcreverem seus cadernos para os professores avaliarem. Quando o aluno está na escola comum, ele precisa que os colegas e professores ditem a lição e isso até que é um método mais fácil de acontecer do que esperar livros e apostilas que nunca chegarão.

Infelizmente a sala de recursos não está presente em todas escolas, e nem todas cidades tem instituições que tenham pedagogos para dar esse apoio, e muitos deficientes visuais desistem de estudar. Vamos ajudar nossos amigos com deficiência visual a terem melhor condição de estudos, e eles agradecerão.

*Carol é a primeira repórter deficiente visual de Indaiatuba (SP).

fotos: arquivo pessoal