Peres e França respondem sindicato e declaram voto contra verba para a empresa de ônibus
Os vereadores Alexandre Peres e Ricardo França, do bloco de oposição de Indaiatuba (SP), divulgaram notas respondendo às acusações do Sindicato dos Rodoviários de Campinas e Região. Eles afirmaram que votarão contra o repasse da Prefeitura para a Sou Indaiatuba, da Sancetur. A verba destinada à empresa seria de até R$ 530 mil por mês enquanto durar a crise de saúde pública.
Mesmo com o voto contrário dos dois, o bloco da situação tem os votos necessários para aprovar, já que precisa de maioria simples, seis votos. São 10 vereadores a favor da Prefeitura, sendo que 9 votam, menos o presidente que só é acionado em caso de empate. A expectativa é que o projeto seja colocado em pauta novamente na segunda-feira, dia 20, e que seja aprovado. A proposta vem sendo duramente criticado nas redes sociais.
França informou que “a proposta não direciona recurso para custos da folha de pagamento dos funcionários” e afirmou que “é lamentável tudo que tem acontecido nas últimas semanas em nossa cidade por conta da tentativa de aprovação desse subsídio. Deverá ser alvo de investigação e vamos continuar trabalhando nesse sentido”. Na nota, França ainda diz que “pressão política e cortinas de fumaça orquestradas não me farão mudar, pois meu compromisso é com nossa cidade.” (leia a nota completa mais abaixo)
O vereador Peres disse, em nota, “que reafirma de maneira muito tranquila e segura que votará contra” e que o projeto não foi para a votação porque “o líder do governo (…) pediu vistas, ou seja, solicitou mais dois dias para que o projeto fosse reanalisado”. O líder da oposição ainda disse que “não teve confusão, não teve travamento de pauta, e não teve nenhum vereador atrapalhando (…) é só olhar o vídeo da sessão onde estão todos os meus argumentos para votar contra se tivesse sido votado na segunda-feira ou qualquer dia que seja.” (leia a nota completa mais abaixo)
Ameaças
A greve dos motoristas de ônibus terminou no final da manhã desta quarta-feira (15), mas os coletivos podem ser recolhidos ao pátio da Sou Indaiatuba, da Sancetur, caso o projeto de repasse da Prefeitura à empresa não seja aprovado na Câmara na próxima sessão, marcada para segunda-feira, dia 20.
Essa é a ameaça de representantes do Sindicato dos Rodoviários de Campinas e Região em um vídeo que passou a circular nas redes sociais no começo da tarde. O sindicalista Cristiano Santos citou nominalmente os vereadores Alexandre Peres e Ricardo França, da oposição, acusando que ambos teriam “votado contra os trabalhadores”. O projeto de repasse de até R$ 530 mil por mês à empresa, porém, sequer foi votado.
No vídeo, o sindicalista se dirigiu primeiramente à população. “Nós, do sindicato, estamos aqui na empresa em Indaiatuba há dois dias. Pedimos desculpas pelos transtornos. Estamos defendendo uma causa justa, o emprego desses guerreiros que abrem e fecham a porta da cidade. Não deveríamos estar aqui se não fosse pela incompetência de dois vereadores. Dois vereadores que não votaram a favor desses trabalhadores. Um é o tal de Alexandre e o outro é o tal do França, que se omitiram e viraram as costas para estes trabalhadores”, afirmou.
Ganem critica ação da Prefeitura
O deputado estadual Bruno Ganem (Podemos) divulgou um vídeo na tarde desta quarta-feira (15) criticando a ação e acusando a Prefeitura de mentir no caso. “A administração quer ver o povo sofrer para depois dar o remedinho. Tá se falando em um milhão e meio, mas se for três meses. É uma vergonha isso. Eu tô com nojo. A gestão de Indaiatuba no meio de uma crise que tudo indica que tanto gente vai morrer, a gestão fazendo politicagem para dar dinheiro para a empresa, é lamentável. Eles vão manipular a população para que eles possam dar dinheiro para a empresa de ônibus”, acusa.
O ex-vereador foi até a sede do sindicato em Campinas e conversou com representantes da categoria. Eles disseram que a paralisação não tem relação com a votação na Câmara, mas para garantir empregos de trabalhadores. No final do vídeo ele se dirigiu diretamente ao prefeito. “Senhor prefeito se o senhor não for mentiroso, por favor, me processe, porque eu faço questão de provar na Justiça que o senhor é mentiroso e eu só vou ter essa oportunidade de provar isso se o senhor me processar, então, por favor, senhor prefeito, me processe”. Até o momento, o prefeito não respondeu publicamente ao vídeo.
Notas dos vereadores completas
Alexandre Peres:
“Em nota, o vereador Alexandre Peres destaca que reafirma de maneira muito tranquila e segura que votará contra o subsídio para a empresa SOU. Relembra que o Projeto de Lei foi protocolado pelo Prefeito na Câmara e que não foi para votação por um motivo apenas: porque o líder do governo, o vereador Luiz Alberto Pereira “Cebolinha” pediu vistas, ou seja, ele (Cebolinha) solicitou mais dois dias para que o projeto fosse reanalisado, fato que também foi votado tranquilamente pois é uma manobra regimental. Não teve confusão, não teve travamento de pauta, e não teve nenhum vereador atrapalhando o que quer que fosse, é só olhar o vídeo da sessão, onde estão todos os meus argumentos para votar contra esse projeto se tivesse sido votado segunda-feira ou qualquer dia que seja. Que cada vereador se posicione claramente sobre os fatos, que fale por si. Por mim, falo eu e repito: voto contra.“
Ricardo França:
“Venho através desta nota, reafirmar meu posicionamento contrário ao projeto 064/2020 de autoria do Executivo Municipal, que visa aumentar o subsídio financeiro ao serviço público de transporte coletivo. A referida proposta não direciona recurso para custos da folha de pagamento dos funcionários, tendo em vista que a informação obtida é de que a empresa está buscando linhas de crédito de programas federais para manter os postos de trabalho. Além disso, a empresa acabou de vencer a licitação e deve ter condições financeiras de cumprir seus deveres com nossa cidade e com seus funcionários.
Com relação ao vídeo postado pelo suposto representante sindical, diz claramente que está defendendo a empregabilidade dos trabalhadores que estaria ameaçada pela “incompetência” de dois vereadores, citando meu sobrenome e o nome do meu colega Alexandre Peres, pois não votamos a favor dos trabalhadores e teríamos nos omitido. Sendo assim, convém destacar três pontos que mostram o quanto esse posicionamento é distorcido e distante da realidade.
1 – Eu e meu colega Alexandre Peres não nos omitimos na sessão da última segunda-feira, nos posicionamos contrários ao projeto.
2- O projeto não foi votado por um “pedido de vistas”, que por sua vez partiu do grupo político do prefeito. Caso tivesse sido votado, nosso voto seria contrário.
3- Como dito anteriormente, a aprovação desse projeto não está ligada à manutenção da empregabilidade dos trabalhadores.
Caso algum cidadão fique em dúvida sobre quem está dizendo a verdade, basta acompanhar a transmissão da sessão do dia 13/04/2020.
É lamentável tudo que tem acontecido nas últimas semanas em nossa cidade por conta da tentativa de aprovação desse subsídio. Deverá ser alvo de investigação e vamos continuar trabalhando nesse sentido. Me coloco à disposição da população e dos funcionários para receber denúncias e investigá-las. Mantenho meu posicionamento contrário. Pressão política e cortinas de fumaça orquestradas não me farão mudar, pois meu compromisso é com nossa cidade.”
Impasse no projeto
O projeto foi enviado em regime de urgência para ser votado – ou seja, para que ele passe na frente dos outros projetos que estão na ordem. A emergência foi analisada e aprovada por 9 dos 12 vereadores. Alexandre Peres e Ricardo França votaram contra o projeto ser urgente, pedindo mais tempo para analisar. O restante dos vereadores foi favorável. O presidente não vota. Depois, na hora de votar, o líder do governo, Cebolinha, pediu vistas de dois dias. Ou os vereadores podem analisar o projeto até a sessão online da semana que vem.
Segundo a proposta esses repasses mensais durarão “enquanto durar o estado de emergência de saúde pública”, uma alteração em relação ao texto que rodou as redes sociais nos últimos dias. Antes o prazo seria de 90 dias, ou seja, três meses. Agora não há prazo. A lei passaria a valer desde o dia 1º de abril. O repasse à empresa por passageiro que era ofertado mensalmente, caso seja aprovado o texto, seria suspenso.
A Prefeitura justifica dizendo que “torna-se insustentável a manutenção pela concessionária, ainda que mínima, de linhas e horários sem a devida contraprestação da tarifa paga pelos usuários (…) a elevação da tarifa pública seria um ônus demasiado a quem, justamente, neste período de crise, depende do transporte coletivo”. Segundo o documento assinado pelo prefeito, “a concessionária, em colaboração com a Administração Municipal, vem envidando esforços para a manutenção dos serviços ainda que com severo desequilíbrio contratual.”
foto: arquivo