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“Cai de joelhos e agradeci”, mãe de Mabson relata alívio após prisão de acusado

HUGO ANTONELI JUNIOR

Alívio. Agradecimento. Lembranças. Justiça. Foram algumas das sensações que dona Elizabette Dechechi teve após receber a notícia de que o acusado de matar o filho dela, Mabson, em 2015, está preso. Ela recebeu o Comando Notícia em casa poucas horas depois de ter a confirmação da prisão pela Polícia Civil. 

“Caí de joelhos, em prantos, só agradeci. Liguei para a minha mãezinha, a vó do Mabson, que está lá no Paraná e falei para ela ajoelhar. Porque ela prometeu que o dia que acontecesse, podia estar na praça, onde estivesse, ia se jogar no chão de joelhos. E foi assim. Ela lá e eu aqui, minha família toda, chorando em agradecimento. Eu disse para Deus ‘obrigado Senhor, esta vitória não é só minha, é sua, junto comigo, a minha graça o Senhor mandou”, afirma.

“É um sentimento de um pouco aliviada, não totalmente porque a prisão dele não vai trazer o meu filho de volta, mas desde o momento que eu enterrei o meu filho, eu prometi para ele dentro do caixão que enquanto existisse um suspiro de vida em mim eu iria lutar para que a Justiça fosse feita. Muita gente pensou que conformamos ou esquecemos, mas não, nunca eu desisti para que isso acontecesse. Eu devia isso ao meu filho, e vou até o fim”, afirma.

Fé e superação

Depois de dar uma lição de vida e fé em entrevista ao Comando Notícia em fevereiro, ela relembrou. “É uma dor que nunca vai passar. Nestes quatro anos não teve um dia, uma noite, que eu não clamasse a Deus para que ele me ouvisse, para que a Justiça fosse feita, o Deus que tem dentro de mim é muito forte e poderoso”, afirma. Ela diz que na quaresma fez um propósito. “Falei para Deus: ‘vai ser muito difícil fazer as minhas orações e não pedir isso pro Senhor, mas nesta quaresma eu não vou pedir, está tudo nas tuas mãos, é a minha penitência’, mas na ressurreição de Cristo a minha graça aconteceu, que foi a prisão dele. Eu agradeço muito a Deus, aos policiais, todas as pessoas. Agradeço a Deus por ter me dado força.”

Sobre a comunidade São João Paulo Segundo, ela reforça os laços. “Tem sido o meu sustento, minha força, o amor dos irmãos que eu tenho é o que me deu alimento para alma e espírito para aguentar firme. O amor que eu sinto por meu filho é o que sinto por eles. Se não fosse a igreja, comunidade, a família, os amigos que nunca me abandonaram, os verdadeiros. Depois de uma perda desta, uma mãe nunca mais é a mesma pessoa, ela vive mutilada, não tem como exigir de uma mãe que ela seja aquela pessoa de antes, alegre, feliz, festiva, não dá para cobrar isso de uma mãe que sofreu o que eu sofri.”

Prisão

Segundo o boletim de ocorrência, a Polícia Militar estava em patrulhamento quando encontrou Jonathan fez a abordagem. Durante a busca documental eles constataram que tratava-se de um foragido pelo crime de homicídio. A tendência, de acordo com o delegado responsável, Danilo Amancio Leme, é que ele seja transferido para Campinas (SP). A prisão aconteceu no mesmo dia de uma operação da Polícia Civil em todo o País.

O caso

O estudante Mabson Dechechi, de 30 anos, foi encontrado morto dentro do carro no estacionamento da Faculdade Max Planck. O crime aconteceu na noite do dia 25 de fevereiro de 2015. O acusado de cometer o homicídio é Jonathan Araújo. Ele teria ficado furioso quando descobriu um caso entre a esposa e Mabson. “Ele jurou para mim”, diz a mãe, “que tinha ficado com ela antes, mas não naquele momento”. O acusado fugiu no dia do crime e não tinha sido encontrado até então.

Trâmite processual

O advogado Alexandre Soares Ferreira, que representa a família no caso, afirmou ao Comando Notícia por telefone que ainda não há um prazo, mas que um julgamento deve ser marcado. “Estamos em uma fase que se chama sentença de pronúncia, onde a juíza do caso vai verificar se ele vai ser julgado pelo tribunal do juri ou não. Acredito que, por se tratar de um homicídio doloso, ele deve ser julgado por um juri popular. Apesar de ele não ter se apresentado, há um representante da defesa dele no processo”, diz. 

“Não dá para precisar a pena, mas vai ser condenado, embora teoricamente ainda é cedo. No meu entender, tudo indica nos autos que ele vai ser condenado. As provas apontam pelo cometimento do crime, por ciúme, pela história que vocês já conhecem, homicídio doloso qualificado”, informa.

Mesmo sem estar preso, ele pode ser julgado e o fato de ele ter fugido não agrava em nada a pena, de acordo com o defensor. “A pena mínima são 12 anos de prisão. Como advogado da família da vítima, a gente representa para que ele pegue um pouco mais. Por ter sido um crime bárbaro, por motivo torpe, impediu a defesa da vítima. Uma pena próxima aos 20 anos. E a condenação, principalmente, precisa resultar na prisão dele”, encerra.

fotos: Reginaldo Rodrigues/Comando Uno/Comando Notícia