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Dia dos Namorados: romance no trabalho exige bom-senso, mas pode resultar em demissão

HUGO ANTONELI JUNIOR

INDAIATUBA – O romance está no ar no Dia dos Namorados. O Comando Notícia falou sobre o amor no motel e conversou com casais na terceira idade, mas a área a ser explorada agora é um pouco mais delicada: o trabalho. Um namoro no ambiente corporativo pode, para muitos espertinhos (as) render uma promoção, mas sem o bom senso necessário, a “aventura” pode acabar até em demissão, de acordo com Carla Borges, coordenadora do Curso de RH da Faculdade Max Planck e psicóloga organizacional.

“A vida privada do funcionário deve ser respeitada, isto é garantido pela própria Constituição que prevê o direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas. Mas o ambiente organizacional, também deve ser respeitado. Isto corresponde à adequação da postura dentro do ambiente organizacional, respeitando os limites que cada empresa coloca para o bom andamento de suas atividades”, analisa ela, consultora desde 1994 na área de Recursos Humanos, coautora do livro Tópicos Essenciais em RH e especialista em treinamentos e seleção de pessoal.

Os funcionários que mantém um relacionamento – seja namoro ou trabalhar com o cônjuge – devem compreender as regras de convivência e respeitar também o foco de cada organização, analisa. “Exemplo: se namoro alguém do mesmo setor, deve evitar totalmente o contato físico como beijos, toques de mãos ou outras partes do corpo.”

O que a empresa deve fazer

Carla afirma que o primeiro passo é criar regras internas que contemplem regras claras com relação aos relacionamentos,  proibindo, sim, atitudes de intimidade e até estabelecendo regras sobre o casamento entre pares e/ou em caso de subordinado-chefia. “Para isso, recomendo a procura de um advogado trabalhista, que poderá orientar sobre jurisprudências. Como diz o ditado, “bom senso e canja de galinha não faz mal a ninguém”, ou seja, é sempre uma receita infalível nestes casos. O relacionamento pode acontecer, mas que seja em um espaço externo ao trabalho.”

A comunicação do relacionamento à chefia é outra ação que deve ser cumprida, pois o mesmo poderá mudar os enamorados de setor, para evitar outras complicações, se for esta a prática da empresa. “No caso de relacionamentos entre funcionários de setores diferentes, dependendo do grau de sigilo que a função exige, é muito comum, as empresas estabelecerem as regras como não aceitar manter os cônjuges na empresa, quando um deles exerce cargos como segurança, financeiro ou áreas afins. Apesar de parecer injusto, é extremamente compreensível os riscos que informações compartilhadas podem trazer ao negócio. O gestor, por sua vez, precisa compreender que os relacionamentos podem acontecer na empresa. Precisa ser feito um acompanhamento e o correto direcionamento.”

Sinais de que está atrapalhando

São três os alertas, de acordo com a especialista, que devem ser observados pelos namoradores no trabalho. “Distrações: preocupação mais com o relacionamento do que com o desempenho da função; discussões com a pessoa de seu relacionamento no local de trabalho; mal humor, por conta de brigas conjugais, entre outras situações assim. Além disso, o uso de celular não deve ocorrer em nenhum momento no trabalho. No entanto, uso para troca de mensagens com seu relacionamento deve ser evitado sempre. Este é o principal problema ocasionado neste item.”

Por último, o mais grave deles. “O não cumprimento de regras internas ou protecionismo para com o cônjuge ou o affair. As regras são iguais para todos, portanto, deve-se cumprir o que for estabelecido.”

foto: divulgação