Política

Ex-vereador Linho fala ao Comando Notícia, “Câmara não foi protagonista este ano”

HUGO ANTONELI JUNIOR

INDAIATUBA – No primeiro ano fora da Câmara dos últimos oito, o professor e ex-vereador Carlos Alberto Rezende Lopes, o Linho (PT), não parou com a agenda política e nem abandonou o chapéu. Em entrevista exclusiva ao Comando Notícia, dias depois de um evento que prestigiou com a presença do ex-presidente Lula, ele analisa a atuação da nova legislatura que assumiu em 2017 com críticas pela falta de protagonismo e não descarta uma volta ao Legislativo em 2020.

“A Câmara não foi protagonista em Indaiatuba este ano. Muito pelo contrário. A única vez que tentou ser, o fez de uma forma estabalhoada e que resultou em uma rejeição da sociedade ao projeto aprovado de reajuste de subsídios”, diz. “Não que não seja legal, ético, porém, o momento não era adequado. Faltou sensibilidade.”

O Legislativo aprovou em sessão no dia 27 de março o aumento dos próprios salários, do prefeito e vice. O clamor popular e a repercussão negativa nas redes sociais fez com que, três dias depois, os vereadores convocassem a imprensa para anunciar acordo com o prefeito para vetar o aumento.

“A Câmara também deixou a desejar tanto nas propostas apresentadas quanto em projetos que realmente mudem a vida da sociedade, como também pela falta de fiscalização em relação aos atos do Executivo”, analisa. Linho confirma que foi procurado por diversos vereadores que vieram pedir “dicas” e conversar, sem revelar nomes. “É sempre um prazer contribuir com as pessoas que estão exercendo o mandato. Afinal de contas, é importante passar um pouco do que a gente teve como experiência lá. Fiquei muito feliz por ter sido procurado por estes vereadores”, diz.

Rotina fora da Câmara

Quem pensa que a vida fora da Câmara é mais tranquila se engana. Linho afirma que a agenda continua cheia – de compromissos e de política. “Estou com muito mais atividades agora do que antes com o mandato. É óbvio que é sempre importante compor o Legislativo, porque a política institucional é importante. Te dá visibilidade e oficialidade”, afirma.

“Por outro lado, fora da Câmara dá para ter muito mais agilidade. Continuo fazendo política. Nas ruas, no sindicato dos professores. Falta, em si, dos trabalhos da Câmara, não sinto. Mas seria importante estar lá”, diz o ex-vereador de quatro mandatos.

câmara cebolinha linho
Linho com Cebolinha em sessão da Câmara de novembro deste ano.

Oposição

Para Linho, a oposição deveria ter atuado “marcando a presença” em casos pontuais que classificou como “graves” em Indaiatuba. “É raro encontrar um posicionamento da oposição a respeito de uma série de assuntos. Por exemplo, no caso do transporte coletivo e dos funcionários que receberam irregularmente. Mesmo não havendo uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito], esperava-se que a oposição marcasse a sua presença, emitisse uma nota pública, nenhuma manifestação”, diz.

“No caso dos funcionários que receberam irregularmente, vários estando fora do país e recebendo além dos seus períodos de férias, é um dos fatos mais graves da história de Indaiatuba. Pelo que foi noticiado, R$ 1 milhão foi pago de forma irregular e eles foram convocados pelo Ministério Público para assinar um TAC [Termo de Ajuste de Conduta] e eles devolverem o que foi pago com correção”, relembra.

Linho lembra de investigações que participou enquanto compunha a Câmara. “Durante os mandatos, sempre fiz parte da minoria, mas consegui assinaturas suficientes para abrir CPI em todos, inclusive no último, quando investigamos a CPFL e teve o caso do dinheiro depositado no Banco BVA. Isso comprova que a minoria quando tem credibilidade consegue apoio da sociedade e apoio das próprias bancadas, o trabalho é sério.”

Volta à Câmara

O ex-vereador não descarta um quinto mandato, mas afirma ainda ser cedo para decidir se será candidato. “Todas as vezes que eu concorri, principalmente nas vezes que fui eleito, não foi um ato isolado. É sempre a partir de uma decisão do coletivo, tanto de dentro quanto fora do meu partido, o PT”, conta.

“Para 2020, se tiver que acontecer, vai ser desta forma. Por enquanto, os coletivos estão preocupados com outras questões que são mais imediatas, mas não perco de vista a possibilidade de um retorno à Câmara”, encerra.

fotos: arquivo/Hugo Antoneli Junior/Comando Notícia