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Mães e parentes fazem protesto em frente ao Haoc e Prefeitura

HUGO ANTONELI JUNIOR

Mães e parentes que tiveram problemas com o Hospital Augusto de Oliveira Camargo (Haoc) estiveram em frente ao pronto socorro na manhã deste domingo (19) e fizeram um protesto que foi até a Prefeitura, onde eles deixaram cartazes. A manifestação foi organizada pelas próprias mães e familiares e reuniu entre 30 e 50 pessoas. Veja abaixo as fotos, o vídeo ao vivo e parte dos depoimentos ao Comando Notícia. Confira a matéria com a mãe do Heitor.

Cris – mãe do Miguel, que morreu na semana passada com um ano e oito meses

“Quero justiça. Quero que alguém pague. Eles não podem continuar matando as nossas crianças. Eles colocam Indaiatuba como uma cidade modelo, uma das melhores cidades para se morar, mas a saúde é precária. Infelizmente você vai na Upa e espera horas para ser atendido. O mesmo médico que atendeu o meu filho quando ele morreu, tinha atendido ele na semana anterior e disse que ele não tinha nada. Nunca imaginei que isso ia acontecer na minha casa. A gente vem aqui para pedir que não aconteça mais. Estou sem o meu filho, sem chão, parece um pesadelo. A gente não tem resposta. Não sei do que o meu filho morreu, não sei, eu quero que alguém me responda, me fale o que aconteceu. Eu vou fazer o que tiver que fazer. Não vai trazer meu filho de volta. Mas quem fez eu quero que pague. Quero que eles paguem. Ele era um anjo. Estava começando a andar e foi embora.”

Vera – perdeu a filha de seis meses em janeiro

“Na hora que eu mais precisei do médico ele não veio. É isso que me machucou. Perdi a minha filha por desidratação e infecção. Não tem nada a ver com a síndrome que ela tinha. Porque mesmo assim ela tinha que ter sido acolhida dentro de uma emergência. O último dia de vida da minha filha não foi fácil. Eu lembro todo dia. Vai fazer seis meses que ela faleceu e isso foi dois dias antes de ela completar sete meses. Eu procuro trabalhar, seguir a minha rotina para eu não me afundar, se não já estaria junto com a minha filha. Mas não tive coragem de ir lá no túmulo da minha filha porque eu sei que não vou conseguir chegar. Tô lidando todo dia com esta dor. Uma criança não deveria passar por este sofrimento. Vou procurar os meus direitos para que isso sirva para as mães. Quero que a justiça seja feita.”

As mães do Miguel [esq] e do Heitor [dir], duas crianças que morreram, se abraçam no protesto. foto: Reginaldo Rodrigues

Sonia – teve a mãe e filho mal atendidos no Haoc

“Você vai marcar um exame não tem horário. Aí eles vem que você tem voz, que você vai atrás dos seus direitos e alguém da ouvidoria liga e te arruma um horário. Eu não aceito isso. Tem que ser marcado no momento em que a pessoa vai lá. Essas mãezinhas aqui, quantas vezes voltaram? Ninguém deu voz pra ela. A criança morreu por causa disso, porque ela não fez escândalo. Precisa fazer escândalo? O hospital não tem condição. E os postos estão com dois meses para uma consulta com o clínico. Eu mesmo fui marcar agora e só vou ser atendida no final de junho. Vai super lotar o pronto socorro mesmo. É propaganda de cidade maravilhosa em rede nacional de como Indaiatuba é linda. Custa caro. São R$ 10 milhões [por ano] de propaganda. A gente não quer reforma de farol, a gente quer que o prefeito entenda que nós temos prioridade e é a saúde. O povo está morrendo. Existe cidades piores, mas é aqui que nós moramos e não queremos que aqui chegue no ponto destas cidades piores. Quando alguém manda mudar de cidade acho que os políticos dão risada. É isso que eles querem. Um bando de gado que ande atrás deles aplaudindo eles. Querem que o povo vai lá pedir ajuda para consulta, o vereador consegue e fala que conseguiu. Consulta é direito. Vereador não é assistente social. Não está ali pra fazer pedidinho de consulta. Não consigo entender estas propagandas. Quem disse que eu autorizei a usar o meu dinheiro? Qual é a real finalidade disso? Qual a necessidade de gastar este dinheiro? Temos a cidade número um camuflada. Só quem precisa do serviço público sabe disso.”

Esmeralda – perdeu a filha de 3 anos em janeiro

“Minha filha entrou em choque séptico, foi levada para Campinas e morreu lá no dia 21 de janeiro. No dia 26 ia fazer quatro anos. Os médicos de lá disseram que foi o erro médico daqui, foi muito erro médico. Se eles não tivessem dado alta ela teria sobrevivido, teriam salvado ela, faleceu por negligência médica. Eu vi no Facebook o caso destas mães e disse para o meu esposo que viria. É difícil perder um filho. Você nunca pensa que vai acontecer com a gente Nunca pensei em enterrar um filho, é muito duro, você sempre acha que o filho que vai te enterrar.”

Faixa colocada dentro da Prefeitura por baixo da porta.

fotos: Reginaldo Rodrigues/Comando Uno/Comando Notícia