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Ônibus voltam a circular em Indaiatuba após mais de 30 horas de greve

por HUGO ANTONELI JUNIOR

Durou exatamente 31 horas e meia a paralisação do transporte público em Indaiatuba (SP). Às 11h52 a Prefeitura anunciou que o transporte retornaria às 12 horas desta quarta-feira (15). Na nota divulgada, a Prefeitura disse que “os motoristas decidiram pelo retorno ao trabalho durante assembleia promovida pelo Sindicato dos Rodoviários de Campinas e Região na manhã desta quarta”. A reportagem apurou que 10 ônibus saíram da garagem por volta das 11h40. Até às 12h40 saíram mais 4, portanto, ao todo 14 veículos.

Em contato com o Comando Notícia ainda durante esta madrugada, quando anunciaram que a paralisação continuaria, os sindicalistas informaram que não haveria assembleia enquanto não houvesse alguma novidade, como uma garantia do pagamento dos funcionários. A reportagem tentou contato com os sindicalistas agora pouco, mas não obteve retorno sobre os motivos que fizeram a greve ser encerrada.

Greve ilegal

O Comando Notícia questionou a Prefeitura sobre a legalidade da greve, que não foi anunciada antecipadamente como determina a lei e que não manteve nenhum contingente, mesmo sendo serviço essencial, também como prevê a legislação. Em nota, a Prefeitura informou, via assessoria de imprensa que “não foi avisada quanto à greve.”

E prosseguiu. “O Sindicato deveria ter comunicado. Estamos analisando a paralisação e realizando tratativas no sentido do retorno. As providências judiciais serão adotadas em caso de não retorno. O Gestor do contrato analisará o ocorrido e deverá tomar as providências, caso a contratada descumprir qualquer cláusula  contratual serão aplicadas as penalidades previstas.”

Ônibus voltam a circular em Indaiatuba

Fim da greve com Hugo Antoneli Junior

Posted by Comando Notícia on Wednesday, April 15, 2020

Usuários relatam abandono

Ontem assim que saiu a greve, percorremos diversos pontos da cidade. No Parque Campo Bonito havia passageiros em dois pontos. Eles sabiam que os ônibus estavam em greve. “Vou ter que pedir para alguém me buscar”, disse uma mulher. “Vou voltar para casa. É um descaso o transporte público na nossa cidade. Eu trabalho do outro lado e preciso dos ônibus para ir trabalhar”, relata.

Havia cerca de seis pessoas esperando na avenida Ottilia Ferraz de Camargo. No ponto da avenida Horst Frederico João Heer, duas mulheres estavam esperando. “Não sei o que fazer. Meu patrão precisará vir me buscar”, disse uma. “Não sei, talvez eu tenha que voltar para casa”, informou a outra. No João Pioli havia cerca de seis pessoas, a maioria conseguiu se locomover depois que funcionários da Prefeitura passaram avisar.

“Eles passaram dizendo que não teria ônibus. Aí as pessoas se organizaram para pegar carros por aplicativo ou até caronas”, conta uma das pessoas que estavam no lugar. Outra mulher esperava uma parente passar buscar. “É um descaso total. Quando tinha era lotado, agora nem ônibus tem”, reclama.

No ponto da Avenida Ário Barnabé, perto do Cristo, três mulheres conversaram sobre o assunto. “Não sabia que estava de greve, trabalho no Centro”, contou uma delas. Duas iam dividir uma corrida com carro de aplicativo. “Tenho dois empregos e se eu saio atrasado de um, não chego no outro, tenho descontado do salário. Esta semana fiquei das 11h às 13h30 esperando na praça no Centro e não passou nenhum ônibus”, conta. Na antiga rua 81 havia pessoas em todos os três pontos sentido Parque Ecológico. “Não sabia que eles tinham parado”, conta uma das passageiras. “Não sei como vou fazer para ir trabalhar”, disse. 

Impasse no subsídio

Ainda não terminou a discussão sobre o repasse da Prefeitura de Indaiatuba (SP) à empresa Sou, da Sancetur. Em sessão online agora pouco, os vereadores que representam a Prefeitura pediram dois dias para analisar o texto, protocolado na Câmara nesta segunda-feira (13). O projeto foi enviado em regime de urgência para ser votado – ou seja, para que ele passe na frente dos outros projetos que estão na ordem.

A emergência foi analisada e aprovada por 9 dos 12 vereadores. Alexandre Peres e Ricardo França votaram contra o projeto ser urgente, pedindo mais tempo para analisar. O restante dos vereadores foi favorável. O presidente não vota. Depois, na hora de votar, o líder do governo, Cebolinha, pediu vistas de dois dias. Ou seja, poderá haver uma sessão extraordinária para votar o texto ainda nesta semana. Ou os vereadores podem analisar o projeto até a sessão online da semana que vem. O projeto, portanto, AINDA NÃO FOI VOTADO.

Segundo a proposta esses repasses mensais durarão “enquanto durar o estado de emergência de saúde pública”, uma alteração em relação ao texto que rodou as redes sociais nos últimos dias. Antes o prazo seria de 90 dias, ou seja, três meses. Agora não há prazo. A lei passaria a valer desde o dia 1º de abril. O repasse à empresa por passageiro que era ofertado mensalmente, caso seja aprovado o texto, seria suspenso.

A Prefeitura justifica dizendo que “torna-se insustentável a manutenção pela concessionária, ainda que mínima, de linhas e horários sem a devida contraprestação da tarifa paga pelos usuários (…) a elevação da tarifa pública seria um ônus demasiado a quem, justamente, neste período de crise, depende do transporte coletivo”. Segundo o documento assinado pelo prefeito, “a concessionária, em colaboração com a Administração Municipal, vem envidando esforços para a manutenção dos serviços ainda que com severo desequilíbrio contratual.”

foto: Reginaldo Rodrigues/Comando Notícia