Cidades

‘Paulistaiatubanos’: nascidos na capital contam motivos que os trouxeram à Indaiatuba

HUGO ANTONELI JUNIOR

INDAIATUBA – Não chame um paulistano de paulista, ele ficará bravo. A diferença é que todos os nascidos no Estado mais rico do País são paulistas, mas só quem nasceu na capital é paulistano. Alguns deles se mudaram para Indaiatuba e mesmo com São Paulo no coração, se tornaram também indaiatubanos, ou ‘paulistaiatubanos’.

Na terceira e última reportagem da série especial sobre o aniversário de 464 anos de São Paulo comemorado nesta quinta-feira (25), nós conversamos com dois nascidos na capital que se mudaram para Indaiatuba. Antes, falamos com indaiatubanas que se mudaram para lá e pessoas que fazem a rota Indaiatuba-São Paulo diariamente.

Um acidente de trânsito trouxe Sônia Regina Margossian, de 59 anos, para morar no Jardim São Luiz. “Frequento Indaiatuba desde 1978, mas me mudei apenas em 1997. A cidade de São Paulo estava ficando insuportável. Um ano antes, bateram no meu carro e naquele dia decidi que estava na hora de sair de lá”, revela.

Depois que “bebeu da água” do interior, Ademir Vitti, morador da Vila Suíça, não pretende mais voltar. “Vendi a minha empresa lá e comprei uma aqui. Resolvi viver com maior qualidade de vida. Não penso em voltar para São Paulo nunca mais. Cheguei à Indaiatuba e me acostumei no mesmo dia”, diz ele, que visita parentes na capital a cada três ou quatro meses. “Mas vou rapidinho, não gosto nem de dormir por lá e tento ir de domingo para não pegar trânsito”, brinca.

Sônia também não pensa em voltar. “Tinha saudades no começo, quando mudei, mas fiz novas amizades e hoje não penso mais em morar novamente em São Paulo”, conta. “Me sinto como se tivesse nascido aqui.”

Trânsito e metropolização de Indaiatuba

Nascido em São Paulo, em Santo Amaro, Zona Sul, Igor Rosendo veio com a mãe para Indaiatuba com quatro anos de idade e diz adorar a cidade, principalmente pela qualidade de vida. “Você sai para trabalhar 6h30, se entrar às 7h, e quando volta embora, em meia hora está em casa de novo, ou seja, há um tempo para estudar, lazer e outras atividades, coisa que não existe na capital”, afirma.

Igor gostou tanto de Indaiatuba que ficou por aqui e tem mais tempo de interior do que de capital, apesar de ter parentes por lá. Estudou, casou e hoje ele e a esposa esperam o primeiro filho, Davi, que deve nascer em 2018. “Tem lados positivos em São Paulo como por exemplo as opções culturais e os motoristas que são mais respeitosos do que aqui. Acho que por serem mais acostumados com o trânsito, há mais tolerância, as pessoas deixam você passar de faixa se você dá seta e precisa ir. Coisa que não acontece aqui”, diz.

“Acho que as pessoas colocam a culpa dos problemas de São Paulo muito nos governantes, mas acho que é uma culpa de todos, sabe? Do Brasil como um todo. Lá atrás, nas divisões dos estados, se houvesse um planejamento melhor, divisão igual a que foi feita nos Estados Unidos, acho que não estaria este lixo que é hoje em alguns aspectos. Aí você pode colocar o prefeito que for que não vai adiantar.”

Outra preocupação do morador do Jardim Paulista é a metropolização de Indaiatuba. “Se eu pudesse apertar um botão de ‘pause’ no crescimento da cidade, com certeza o faria, porque com estes bairros novos a tendência é que a qualidade de vida caia um pouco e o trânsito aumente. É só ver o nosso Centro, que já é pequeno para o tamanho que tomou e os bairros novos que estão surgindo.”

Presentes para São Paulo

Os três paulistanos que hoje são indaiatubanos de coração tiveram desejos de presente para São Paulo curtos. Apesar disso, Sônia é ambiciosa no pedido. “Queria um rio Tietê limpo, é isso que desejo para São Paulo”, diz. Já Ademir resume no geral. “Muita sorte”, afirma. Igor quer algo parecido com Sônia. “Limpeza.”

foto: divulgação