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Um ano depois, como estão os cobradores demitidos após lei da Câmara e Prefeitura

HUGO ANTONELI JUNIOR

Demorou seis meses para que Ana Carolina da Silva, de 26 anos, fosse chamada para a primeira entrevista depois de ela perder o emprego. Ela começou a trabalhar recentemente no shopping, mas a busca foi longa. “Desde o segundo mês enviei currículos”, conta ao Comando Notícia na semana que antecede o Dia do Trabalhador. Neste mês fez um ano que a Prefeitura de Indaiatuba (SP) e a Câmara de vereadores derrubaram a obrigatoriedade de cobradores no transporte público. De uma só vez, Carol e mais de 70 cobradores de ônibus perderam o emprego. 

“Eu ia tirar férias se não fosse demitida”, afirma. “Aí tirei um mês, dei entrada no seguro-desemprego e a partir do segundo mês passei a procurar. Só fui fazer a primeira entrevista depois que já tinha pegado a quinta parcela, a última”, conta. Carol chegou a ir entregar currículos com outro cobrador que perdeu o emprego. “Acabamos sendo contratados pelo shopping, mas até isso acontecer foi muito difícil, foi feio.”

Wellington veio do Ceará e chegou a trabalhar como motorista de caminhão.

Emprego alternativo. Cearense de Aquiraz, o ex-cobrador Wellington Silva do Nascimento estava fazendo o curso para virar motorista, mas não deu tempo. “Ficar sem cobrador era algo que ia acontecer como é uma tendência fora e dentro do País, mas o que eu acho que faltou um incentivo para que os cobradores virassem motoristas e não perdessem o emprego”, opina o morador do Jardim Alice.

“Eles [políticos] que decidem e nós [cobradores] não temos representantes lá dentro e nem políticas públicas fiéis a nós. Deveriam ter facilitado um crédito a Prefeitura, a empresa com alguma autoescola e aí os que pudessem, tenho certeza, teriam virado motoristas se houvesse oportunidade”, diz. Para sobreviver com a família ele virou motorista de caminhão e hoje faz parte do transporte por aplicativo. Nem todos tiveram a mesma sorte e continuam sem emprego, como um deles que confirmou que ainda não voltou ao mercado de trabalho, mas não quis se identificar.

Fim dos empregos

Foi aprovado no início de abril do ano passado, em regime de urgência o projeto de lei (81/2018), que muda as regras para as cobranças de tarifa no transporte público. De autoria do Executivo, o texto ia para as comissões, mas houve um pedido de urgência que foi aprovado pelos vereadores.

Em seguida a nova lei também obteve aprovação do Legislativo. Em ambos os casos o bloco de oposição, composto por três vereadores, votou contra – o que não alterou o resultado final. O texto revoga as regras de outra (4.163), aprovada em abril de 2002, que previa que era obrigatório que os ônibus de transporte público tivessem cobrador, sob pena de multa diária à empresa. A mudança na lei acontece enquanto a empresa Sou Indaiatuba, da Santa Cecília Turismo (Sancetur), opera em caráter emergencial.

fotos: Reginaldo Rodrigues/Comando Uno/Comando Notícia