HUGO ANTONELI JUNIOR
INDAIATUBA – Dois vereadores propuseram mudanças no perímetro urbano da rodovia Santos Dumont (SP-75). Edvaldo Bertipaglia (PSB) pediu para que a velocidade fosse reduzida no trecho que passa pela cidade e Silene Carvalini (PP) focou nos redutores de velocidade. Ambos apresentaram as indicações sobre o assunto na sessão da Câmara desta segunda-feira (16).
“Fiz essa indicação na semana passada, depois de mais um acidente fatal“, afirma Edvaldo ao Comando Notícia. “Você vê que não tem um perímetro urbano, é 110 quilômetros por hora. A concessionária, nada que tenha que colaborar com o município eles querem fazer”, prossegue. Os dois vereadores protocolaram ao mesmo tempo a indicação. “Isso significa que todos aqui na Câmara estão comungando para isso, que a opinião é unânime”, encerra.
De acordo com o gerente técnico do Observatório Nacional de Trânsito, Renato Campestrini, a redução do limite de velocidade máxima permitida no trecho, foi objeto de ofício encaminhado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária – ONSV no mês de março de 2017 à Artesp.
“O excesso de velocidade está diretamente relacionado a grande parte dos acidentes de trânsito, a severidade das lesões e dos danos ocasionados ratifica isso. Nesse sentido, ao reduzir a velocidade, as chances dos acidentes acontecerem diminui significativamente. Preliminarmente é necessário destacar que a redução da velocidade nos centros urbanos é uma recomendação da Organização Mundial de Saúde – OMS como forma de diminuir o número de mortos e feridos graves no trânsito”, opina.
Segundo o especialista, quando o número de acidentes aumenta é necessário rever os fatores de riscos existentes e quais medidas podem ser implantadas para reduzir a incidência de tais eventos. “Os entrelaçamentos na rodovia no trecho urbano de Indaiatuba e o considerável volume de veículos que utilizam os acessos para ligações entre bairros mostra que manter um limite de 110Km/h para veículos leves pode não ser a melhor opção pelo aspecto da segurança viária”, diz.
Apesar disso, Campestrini fala sobre o “fator humano” nos acidentes. “Está presente em 90% dos acidentes de trânsito, sendo que se dermos a falha mecânica um viés de humana, por deixar de lado a manutenção do veículo, por exemplo, esse número sobe para 95%. Ainda que as melhores rodovias e veículos sejam disponibilizados, caso o condutor não tenha uma postura consciente, preventiva os acidentes continuarão a ocorrer. Sendo assim, levar informação, conhecimento ao condutor, para os usuários das vias é parte importante no processo de redução de acidentes e mudança de cultura”, afirma.
O que diz a Colinas
A AB Colinas, concessionária que administra a rodovia, informou, via assessoria de imprensa, “que os padrões de velocidade e sinalização da Rodovia SP-075, no trecho administrado pela concessionária, estão de acordo com o estabelecido em normas e padrões rodoviários. Através de uma análise detalhada dos acidentes ocorridos nessa rodovia, constata-se que o fator humano é o determinante para sua ocorrência. Assim, no ano de 2017 a concessionária intensificou as ações de segurança nessa rodovia, juntamente com o apoio da Polícia Militar Rodoviária e prefeituras municipais, como, por exemplo, as ações realizadas no Maio Amarelo e na Semana Nacional de Trânsito, em conjunto com a Prefeitura de Indaiatuba.”
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A empresa prossegue: “Como resultado, a AB Colinas registrou na SP-075 uma redução significativa no comparativo 2017 x 2016, entre 1o de janeiro e 16 de outubro, a saber: -7,7% no número total de acidentes, -3,5% no número de acidentes sem vítima, -11,1% no número de acidentes com vítimas feridas, -28,1% no número de acidentes com vítimas fatais, -8,2% no número de vítimas leves, -8,3% no número de vítimas graves e -25,7% no número de vítimas fatais. As ações de segurança viária realizadas na SP-075 e municípios lindeiros, que contam com o apoio da Agência Reguladora de Transportes de São Paulo (Artesp), visam a educação e conscientização para o trânsito e já envolveram cerca de 4,5 mil pessoas neste ano. Desde janeiro até o momento, foram realizadas um total de 35 atividades destinadas aos mais diversos públicos.”
A Artesp também foi procurada para comentar, mas não se manifestou até o momento.
Multas
Polícia Militar Rodoviária aplicou 78.078 multas entre 1º de janeiro e 30 de setembro de 2017 nas rodovias que cortam a região de Campinas. O número de autuações é 28% maior que o registrado no mesmo período do ano passado (60.850). Para efeito de comparação, é como se os policiais aplicassem uma média de 286 multas por dia.
Em vigor desde julho do ano passado, a lei que obriga motoristas a usarem farol baixo em rodovias durante o dia ainda é esquecida por muitos motoristas. A prova é que a infração é a 2ª na lista das mais cometidas nas rodovias da RMC neste ano. São 10.541 autuações de janeiro a setembro. O condutor flagrado dirigindo com o farol apagado comete uma infração média, leva quatro pontos na carteira e tem de pagar R$ 130,16.
Os dados são referentes aos registros de multas em nove rodovias que cortam a Região Metropolitana de Campinas (RMC): Rodovia Anhanguera (SP-330), Bandeirantes (SP-348), Dom Pedro I (SP-065), Governador Adhemar Pereira de Barros (SP-340), Santos Dumont (SP-075), Professor Zeferino Vaz (SP-332), Jorn. Francisco Aguirre Proença (SP-101), José Roberto Magalhães Teixeira (SP-083) e Miguel Melhado Campos (SP-324).
foto: arquivo/Comando Notícia
