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Conselho de Saúde se reúne e discute morte de crianças no Haoc

HUGO ANTONELI JUNIOR

Aconteceu na tarde de quarta-feira (29) uma reunião do Conselho Municipal de Saúde de Indaiatuba (SP). O tema principal foram as mortes das crianças no Hospital Augusto de Oliveira Camargo (Haoc). Estavam presentes na reunião, além dos conselheiros, um representante do hospital, o médico Marco Antonio Barroca e a secretária de saúde, Graziela Garcia.

O presidente do Conselho, Luiz Medeiros, afirmou que o colegiado está acompanhando os casos. “Daremos respostas a sociedade. Nada ficará à margem de ser apurado. O Sistema Único de Saúde (SUS) é complexo. E é importante dizer que muitos dos problemas acontecem pela falta de repasse do Estado de São Paulo, que é um dos mais omissos com relação à saúde.”

Barroca falou sobre as cesarianas. “Eu estava no hospital neste caso [morte no parto]. Este caso foi de distócia [o bebê não estava na posição certa]. Tentou-se as manobras, mas isso pode acontecer em qualquer lugar do mundo, é uma fatalidade. Quanto ao tempo, 12 horas é considerado adequado, mas depende caso a caso. O trabalho de parto é necessário e a dor varia conforme cada paciente. Há casos de 16, 18 horas”, diz.

Conselho de Saúde ouviu o médico Barroca, do Haoc. foto: Ricardo Miranda

A secretária de saúde também se justificou. “Quero complementar que a taxa de mortalidade infantil está em oito óbitos por mil nascidos vivos na cidade, abaixo de dois dígitos que é o padrão das demais cidades da região. Estes dois casos foram duas tragédias. Em um ano recebemos 167 mães de outras cidades para ter filho aqui. Nós não conhecemos o histórico do pré-natal, se é de alto risco ou não”, diz.

“Ações e investimentos foram feitos”, continua. “A atuação do comitê que vai se reunir na próxima semana tem como objetivo averiguar os fatos, se era evitável ou não. E se era, um conjunto de ações é disparada para ver o que pode ser feito que possa evitar situações iguais.”

Medeiros, o presidente do Conselho, ainda ressalta que o problema da saúde é complexo. “Enfrentamos um dificuldade porque temos casos por exemplo de pacientes que vem, marcam e não vão, isso sobrecarrega o sistema. E como eu sempre digo, o paciente pior que tem é o meu, sempre. Se eu chegar lá, sou o pior e tenho que ser atendido antes. É preciso ter empatia e ver, por exemplo, quando o paciente é classificado no amarelo e, por isso, tem que passar na frente.”

O médico do Haoc ainda falou sobre os atendimentos de fora. “Toda semana temos que desmarcar cirurgias eletivas porque não tem leito. Muitas pessoas de fora vem ser atendidas aqui. Alguns casos nós conseguimos resolver, o problema são casos mais complexos que antes iam para Campinas, mas agora não vão mais. Quando é uma cirurgia simples, o hospital faz, o paciente fica bem e vai embora. Agora, quando são casos que necessitam de um acolhimento multidisciplinar, como câncer, fica complicado”, disse.

A secretária da saúde informou que a capacidade de atendimento público de emergência na cidade é de 32 mil pessoas por mês, 15 mil no Haoc e 17 mil na Unidade de Pronto Atendimento (Upa), do Jardim Morada do Sol.

Problemas na saúde

A morte de duas crianças na semana passada trouxe à tona diversas reclamações contra a saúde pública em Indaiatuba. Um paciente convulsionou a espera de atendimento. Os dois bebês morreram no Hospital Augusto de Oliveira Camargo (Haoc), um deles após um parto em que foram relatados problemas. Uma manifestação foi marcada pelos familiares para a frente da unidade. Um caso de morte na Upa também foi relatado nesta semana. Pacientes reclamaram do Hospital Dia. E mais recentemente uma grávida que reclamou do atendimento.

foto: divulgação/arquivo

fotos: Ricardo Miranda/Comando Notícia